Mercado está de olho na Petrobras, com discussão sobre indicações políticas
Especialistas no mercado financeiro estão cautelosos com a possibilidade de interferência política na Petrobras, depois de uma decisão do TCU que facilita mudanças no seu estatuto. Mas a permissão para indicações políticas para os altos cargos ainda está nas mãos do STF, e analistas acreditam que essa decisão deve ser barrada.
O que aconteceu
O Tribunal de Contas da União (TCU) revogou a medida cautelar que impedia a empresa de alterar sua política de indicações. Com isso, a estatal poderá mudar essa política, o que poderia facilitar indicações políticas para cargos do alto escalão.
Foi por isso que a ação caiu no pregão de quarta-feira. Depois de uma queda nas ações preferenciais da Petrobras (PETR3 e PETR4) de 2,60% na quarta-feira (6), os papéis da estatal estão em alta hoje. PETR3 subia 1,39% por volta de 12h30, para R$ 35,83. PETR4 avançava 1,28% para R$ 33,93.
Mas decisão ainda está nas mãos do STF. O Supremo Tribunal Federal precisa julgar a constitucionalidade de parte da Lei das Estatais. Em março deste ano, ex-ministro Ricardo Lewandowski, antes de se aposentar, suspendeu o dispositivo que impedia as nomeações. Para ele, ministros de Estado e secretários estaduais e municipais poderiam atuar nas diretorias e nos conselhos de administração de estatais sem o cumprimento da quarentena de 36 meses. Ontem, o ministro André Mendonça votou para manter as proibições. Já o ministro Kassio Nunes Marques suspendeu a votação e pediu vistas.
O que diz o mercado sobre as ações?
Por enquanto, empresa ainda está "blindada". É o que diz Alvaro Bandeira, coordenador da comissão de economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec Brasil). "O mercado está atento a esses movimentos, embora a empresa ainda esteja blindada contra essas interferências", diz o especialista. Já Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, diz que a mudança não vai para frente no Supremo. Essa medida foi adotada depois do escândalo de corrupção que houve no governo Dilma e por isso não deve ser cancelada, diz ele.
O preço internacional do petróleo é o que mais afeta o valor dos papéis, diz Bresciani. Desde 28 de novembro, eles estão em queda. O preço do barril caiu de US$ 82 para US$ 75. "Mesmo com o inverno começando no hemisfério Norte, o que pressionaria o preço para cima, estamos vendo essa queda incomum", diz ele.
A recomendação da XP é de compra. Embora acumulem queda nos últimos 30 dias, com baixa de 6,27% (PETR3) e de 3,57% (PETR4), até 6 de dezembro, segundo dados da Economatica, o investimento nessas ações ainda prometem ganhos. No acumulado do ano, por exemplo, os retornos são de 58,71% e 76,35% para PETR3 e PETR4, respectivamente. A XP projeta ganhos de 8% em 12 meses, com preço alvo de R$ 39 para PETR4. É o mesmo valor calculado pelo BTG.
Deixe seu comentário