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Estrangeiro aumenta investimentos na Bolsa brasileira no começo de 2024

Enquanto o investidor institucional (bancos e fundos) brasileiros estão saindo da Bolsa, os estrangeiros estão aumentando o investimento no mercado nacional. É o que mostram dois levantamentos, um feito pelo Itaú BBA e outro pela Quantezed.

Até 5 de janeiro (dado mais recente), os investidores estrangeiros já investiram R$ 1,93 bilhão na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. No mesmo período do ano passado, esse fluxo foi negativo, com retirada de R$ 776 milhões, segundo a Quantzed. No ano passado, durante todo mês de janeiro, os estrangeiros também foram a maioria, segundo o BBA. Naquele mês, a entrada de capital de estrangeiros foi de R$ 12,5 bilhões, enquanto o investidor institucional retirou R$ 9,97 bilhões da Bolsa. O investidor individual, pessoa física, também fez retiradas, de R$ 1,79 bilhão.

Já o investidor institucional nacional, como bancos e fundos, fez o caminho inverso neste mês. Eles retiraram R$ 2,33 bilhões da Bolsa, conforme o Itaú BBA. O investidor pessoa física aportou R$ 1 bilhão.

Por que o estrangeiro está apostando na Bolsa brasileira

A explicação está no ciclo de baixa dos juros. "O cenário local é favorável, com juros em queda e atividade econômica positiva", diz Ricardo Jorge, especialista em mercado de capitais e sócio da Quantzed. "Além disso, temos pautas do governo em andamento, como a reforma tributária, a inflação americana dando sinais de melhora e a possibilidade de corte de juros nos EUA [no primeiro semestre]. Tudo isso favorece o fluxo para países emergentes, em especial o Brasil", diz o especialista.

Mas o investidor institucional brasileiro também sai da Bolsa por causa dos juros. "As taxas estão ainda muito altas. Muitos investidores vão ainda para a renda fixa aproveitar esse juro acima de 10% ao ano", diz Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória (ES).

Tanto é que, até 4 de janeiro, o fluxo nos fundos de renda fixa totalizou R$ 31,2 bilhões, segundo dados fornecidos pela Alphamar. Já os fundos multimercados e de ações acumulam retiradas de R$ 2,3 bilhões e R$ 2,2 bilhões respectivamente no período.

Nos primeiros pregões do ano, houve muita oscilação. O Ibovespa acumula, até 10 de janeiro, queda de 2,49%. "O brasileiro não aguenta muito tempo de volatilidade, de sobe e desce. Aí, em momentos ruins para Bolsa, acaba por resgatar. Até porque fica difícil convencer alguém a tomar um risco, sendo que do outro lado, na renda fixa, você tem um juro acima de dois dígitos", explica Bonani.

Como foi o comportamento dos estrangeiros em 2023

O fluxo estrangeiro total de 2023 somou uma entrada de R$ 44,85 bilhões, segundo a Quantzed. Um ano antes, em 2022, esse total foi bem maior: R$ 100,8 bilhões.

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O que atrapalhou foi a alta dos juros americanos. No início de 2023, a taxa era de 4,33% ao ano, e terminou o ano em 5,33% (taxa mantida desde julho). Com a alta dos juros nos EUA, os estrangeiros correm para o mercado americano - mais seguro e estável. Por isso a Bolsa brasileira teve menos investimentos.

Mas a expectativa agora é de queda. O mercado espera que o banco central americano, o Federal Reserve (FED) passe a cortar a taxa a partir de maio. Sendo assim, como explicou Ricardo Jorge, o capital estrangeiro procura mercados com taxas mais atraentes, que é o caso do Brasil.

O investidor de fora aposta na Bolsa também porque as ações estão baratas e prometem crescimento este ano. A expectativa de especialistas do mercado é que o Ibovespa, atualmente na casa dos 130 mil pontos, possa passar dos 150 mil ao longo de 2024.

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