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Por que a Cielo vai fechar capital, e o que acontece com o acionista?

Com mais de 1,1 bilhão de ações em circulação no mercado, a empresa de maquininhas Cielo (CIEL3) vai sair da Bolsa de Valores de São Paulo. Para isso, os controladores, o Bradesco (BBDC4) e o Banco do Brasil (BBAS3), farão uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), comprando todas as ações disponíveis por R$ 5,35. Nesta segunda (5), os papéis terminaram o pregão cotados a R$ 5,03, o que significa um prêmio de 6,36%.

Depois da compra das ações no mercado, a participação do Banco do Brasil na Cielo pode chegar a 49,9%, enquanto o Bradesco deve ficar com 50,1%. Hoje, os bancos têm 58,7% da empresa, cujo valor de mercado é de R$ 13,67 bilhões.

Por que a empresa está saindo da Bolsa?

A disputa entre as empresas do setor aumentou muito. Antes de 2010, só grandes bancos poderiam ter sistemas de pagamento por máquinas. Com a abertura do mercado em 2010, a concorrência corroeu a participação de mercado da Cielo, que já chegou a ter mais de quatro em cada dez maquininhas no mercado.

Se antes fazia sentido uma empresa de adquirência operar 'de fora' do sistema do próprio banco, hoje a realidade é outra
José Daronco, analista da Suno Research

Concorrentes como Stone (STOC31) e PagSeguro (PAGS34) diminuíram pela metade a participação da Cielo. "São empresas menores e mais leves, sendo muito mais ágeis no desenvolvimento de tecnologia e lançamento de novos produtos. Não à toa conseguiram ganhar participação de mercado. Além disso, são players capitalizados e listados nos EUA", completa o analista.

Quais são as participações de mercado de cada empresa?

  1. Cielo 21,5%
  2. Rede (Itaú) 22,8%
  3. Getnet (Santander) 14,4%
  4. Stone 11,1%
  5. PagSeguro 10,9%
  6. Outras 19,4%

Fonte: BTG Pactual e empresas, período: quarto trimestre de 2023

O aumento da concorrência ao longo dos anos só prejudicou a empresa. É o que diz Fernando Bresciani, analista de investimento do Andbank. "Agora, com o capital fechado e fundindo suas operações com as dos bancos controladores, a Cielo vai ter a chance de ser mais forte e competitiva na reestruturação e conseguirá fidelizar clientes", diz ele.

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Como a ação tem variado na Bolsa?

A CIEL3 é uma das ações mais populares do mercado. Além de ser um ativo de uma empresa conhecida, foi um dos papéis que mais renderam recentemente. No ano de 2022, ela foi a ação do Ibovespa que mais subiu. Enquanto o índice fechou o ano com alta de 4,68%, o papel da empresa de adquirência disparou 130,77%. Mas em 2023, quando o Ibovespa subiu 22%, as ações desvalorizaram 5,90%.

Ex-VisaNet, a companhia passou a se chamar Cielo em 2009, com a maior oferta inicial de ações da Bolsa de Valores brasileira até então. Desde a abertura de capital, a companhia desvalorizou 40%. No auge, em 2015, cada ação chegou a R$ 31,90. Hoje, estão cotadas na casa dos R$ 5.

Como o mercado recebeu a notícia?

O Goldman Sachs considerou que o anúncio foi uma surpresa. "Embora o momento do anúncio tenha sido inesperado, a oferta pública foi considerada por alguns investidores como uma possibilidade, já que outras empresas também deixaram o mercado", publicou o banco americano.

No ano passado, o Santander (SANB11) tirou as ações da Getnet de circulação. Em 2012, o Itaú (ITUB4) fechou o capital da Rede.

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E como estão as finanças da Cielo?

As contas da empresa estão em dia. No quarto trimestre do ano passado, ela teve lucro líquido de R$ 480,8 milhões, 46,6% a mais que no mesmo intervalo de 2022, informou a companhia nesta segunda-feira (5).

O que acontece agora com as ações?

A Cielo tem 135.527 acionistas pessoas físicas. A princípio, o sucesso da OPA vai depender deles e de outros investidores, como os institucionais, que são, no total, 402. E também dos 1,170 mil investidores pessoas jurídicas.

Para a OPA acontecer, é preciso convencer os acionistas minoritários na B3 a venderem suas ações. Mas o prêmio de 6,36% sobre o preço desta segunda (5) foi considerado pelo mercado muito baixo, segundo Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos. Se os acionistas não aceitarem, poderá acontecer uma nova proposta. Essa possibilidade é bem provável, diz Luives.

Essa é a mesma opinião de Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed. "Eles vão ter que aumentar essa oferta, pagar um prêmio maior pelas ações", diz ele. Por isso, Piovesan acredita que pode haver uma alta do ativo nos próximos dias.

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No pregão desta terça-feira (6), os ativos da Cielo estavam em alta de 3,98% por volta das 14h, indo para R$ 5,23.

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