De BB Seguridade a Taesa, veja ações que pagam dividendos com frequência
Para quem busca ter uma carteira diversificada de renda mensal com ações, especialistas aconselham a intercalar os pagamentos mensais com empresas que fazem distribuição bimestral, trimestral, semestral e até mesmo anual. Nos setores mais perenes da Bolsa, há companhias com forte recorrência nos pagamentos feitos aos investidores.
Seguradoras são boas pagadoras de dividendos
As seguradoras BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3) pagam proventos a cada seis meses. Veja um calendário dos pagamentos aos acionistas mais recorrentes ao final da matéria.
Elas têm potencial de pagar boa parte do lucro em dividendos. Daniel Nigri, analista e fundador da Dica de Hoje Research, explica que as empresas de seguros não precisam fazer muitos investimentos em capital e geralmente os investimentos são direcionados a tecnologia. Nos últimos anos, a BB Seguridade pagou cerca de 80% do seu lucro em dividendos. Enquanto isso, a Caixa Seguridade, que chegou à Bolsa em 2021, já começou sua jornada distribuindo dividendos de 90% do lucro.
Essas companhias funcionam como holdings, com vários braços de seguro embaixo delas, diz o especialista. A BB Seguridade, por exemplo, tem a BrasilSeg, focada nos segmentos rural, prestamista e vida, com uma parceria com a Mapfre até junho de 2031. Tem também a BrasilPrev, de planos de previdência, em parceira com a Principal até 2032. A Brasilcap, de títulos de capitalização, e a Brasildental, de seguro odontológico, também têm parcerias, com a Icatu Seguros e a Odontoprev, esta última até 2035. O vencimento destas parcerias por volta de 2030 representaria um ponto de atenção para os investidores, segundo Nigri, já que não é possível determinar se serão renovadas.
A Caixa Seguridade também atua com parcerias, de maior duração. Nos segmentos vida, prestamista (de dívida em caso de morte) e previdência, a Caixa Seguridade tem contrato com a CNP Assurances até 2045. Os outros contratos vencem em 2040, como o residencial e habitacional, em parceria com a Tokio Marine ou a capitalização com a Icatu. A Caixa tem ainda parcerias com a Tempo Assist para a área de assistência e a CNP Assurances para consórcios.
A Caixa Seguridade (CXSE3) é forte no segmento habitacional, com exclusividade de usar os canais físicos, digitais e rede de agências da Caixa Econômica Federal para ofertar seus seguros até 2050. "Com a queda de juros é provável que aumente a quantidade de imóveis vendidos, e cada financiamento imobiliário acaba saindo com um seguro", declara o analista.
A Caixa Seguridade deve pagar dividendos de entre R$ 1 e R$ 1,10 por ação neste ano, equivalente a um dividend yield (retorno de dividendos por ação) de 7,4%. "O potencial de crescimento da Caixa Seguridade neste momento me parece maior", diz.
Já a BB Seguridade é forte no agronegócio e seguro rural, destaca Nigri. A seguradora também pode ofertar seus seguros pela rede física e digital do Banco do Brasil. Por ser mais exposta ao agronegócio, o analista destaca que a companhia deve sentir os impactos do fenômeno climático El Niño em 2024.
Dividendos quase triplicaram, de R$ 2 bilhões para R$ 5,6 bilhões no últimos 10 anos. Para 2024, Nigri espera um dividend yield de 7,4% - igual ao da Caixa Seguridade- com proventos de entre R$ 2,40 e R$ 2,60 por ação.
Sanepar e Copasa
A Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) faz diversos anúncios de proventos durante o ano, mas concentra todos os pagamentos sempre em junho do ano seguinte. É o que explica Luiz Barsi Neto, economista e assessor no escritório MMBarsi Investimentos. Para ele, o ideal é investir nela para uma estratégia de dividendos de longo prazo, aproveitando eventuais quedas nas ações para investir mais. Barsi projeta um dividend yield de entre 6% e 7% para 2024.
Receita está garantida. Cleide Rodrigues, analista-chefe da Money Wise Research, destaca que a companhia possui 319 contratos ativos até junho de 2048 no Paraná e em alguns municípios de Santa Catarina. Eles representam 95% da receita total da companhia. Isso traz mais previsibilidade para o caixa da empresa no longo prazo.
Tem foco em inovação. Cleide destaca ainda que a companhia está explorando novas alternativas para o tratamento do esgoto, entre estas biogás, hidrogênio verde, biometano, entre outros que além de economia circular ajudam a fortalecer a receita da empresa.
Para 2024, a analista espera um retorno com dividendos de 6,3% para Sanepar (SAPR4). A expectativa é que a ação valorize até R$ 6,74 até o final do ano. Na última década, a média de dividend yield da Sanepar foi de 6,7%.
A Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) paga pelo menos 25% do lucro líquido aos acionistas e no máximo 50%. "A Copasa tem um ponto mais atrativo que é a maior frequência no pagamento de proventos", destaca Gabriel Duarte, analista da Ticker .Research. Ele espera que a Copasa (CSMG3) entregue um dividend yield de 7,5% para 2024.
Em 2023, a companhia foi impactada pelo risco de federalização das estatais em Minas Gerais. Contudo, Duarte acredita que se esse cenário se concretizar, a Copasa seria a última opção do governo do estado.
Taesa paga proventos quatro vezes ao ano
A Taesa é uma boa pagadora de dividendos há pelo menos 12 anos. No seu estatuto, a elétrica estabelece pagar no mínimo 50% do seu lucro em proventos, mas o seu payout na última década foi de entre 65% e 94% do lucro.
O analista destaca que em 2023 os dividendos da Taesa recuaram. Isso por causa da deflação do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), e apesar disso a companhia entregou um dividend yield de 8,41% em 2023. O IGP-M deve aumentar em 2024, assim como o IPCA. Para Nigri, a Taesa deve distribuir pelo menos R$ 3 por ação em proventos em 2024, um dividend yield de 8%.
Banco do Brasil é o banco que mais paga dividendos
Uma instituição estatal, o Banco do Brasil (BBAS3) tem um bom histórico de remuneração dos seus acionistas. Segundo Duarte, da Ticker Research, a política do banco estabelece pagamentos trimestrais. No entanto, o Banco do Brasil costuma anunciar um calendário com as datas de corte e pagamento fixas para o ano - o de 2024 já foi publicado.
Duarte explica que na sua política, o Banco do Brasil estabelece pagar no mínimo 25% do seu lucro aos acionistas, mas pagou 35% na última década. Mais recentemente, esse retorno é ainda maior, de 40%. Para 2024, Duarte espera que o Banco do Brasil tenha um crescimento no seu lucro acima de 10% e um retorno com dividendos também de 10%. Milton Rabelo, analista do setor financeiro da VG Research, espera que o Banco do Brasil entregue um dividend yield de 9,22%.
Entre as vantagens, o analista da Ticker destaca a exposição do Banco do Brasil ao agronegócio, carro-chefe da economia brasileira. "Além disso, o banco possui uma carteira de crédito consignado enorme que é o crédito mais seguro por ser descontado em folha de pagamento, reduzindo o risco de inadimplência", comenta. Rabelo cita ainda a necessidade do governo, como acionista controlador, de receber proventos em função do cenário fiscal desafiador.
Entre os riscos, o analista cita a possibilidade de ingerência do governo federal, aumentando o crédito subsidiado e direcionando a carteira do Banco do Brasil a produtos com ganhos menores com juros.
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