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A crise grega em números

07/07/2015 13h19

A Grécia se prepara para apresentar, em uma reunião de emergência dos países membros da zona do euro, uma nova proposta para resolver o impasse sobre sua dívida.

Será a primeira reunião da Grécia com os países que arquitetaram um plano de resgate, baseado na introdução de novas medidas de austeridade, que foi rejeitado pela população grega em um plebiscito no domingo.

A nova proposta do governo grego incluiria a exigência de um perdão de até 30% da dívida da Grécia.

Para ajudar a entender as dimensões do problema e a gravidade da situação do país, a BBC preparou alguns gráficos que explicam os números da crise.

1 - Quanto a Grécia deve?

O total da dívida do país é de 323 bilhões de euros (cerca de R$ 1,12 trilhão), que o país deve a vários países e bancos da Europa.

Entre os países da União Europeia, a Alemanha é, de longe, o maior credor da Grécia, seguido pela França e Itália.

Mas a dívida pesa muitos mais para credores menores como Eslovênia e Malta; basta comparar o valor com o PIB do país.

2 - Qual o prazo para a Grécia pagar a dívida?

Desde 2010, o governo grego vinha dependendo de duas fontes de socorro financeiro, a União Europeia e o FMI, que, juntos, repassaram 240 bilhões de euros.

A última injeção de fundos para a Grécia vinda de credores internacionais veio em agosto de 2014; no dia 30 de junho veio o prazo para a devolução de 1,5 bilhão de euros ao FMI, que a Grécia não pagou.

O FMI vê o não-pagamento grego como "atraso", já o Centro Europeu de Estabilidade Financeira, órgão estabelecido em 2010 para ajudar a resolver a crise na zona do euro, diz claramente que se tratou de um "calote".

3 - Por que o país está com tantos problemas?

Para analistas, a origem dos problemas da Grécia pode ser rastreada até antes da introdução do euro como moeda única em um bloco de 19 países, em 2001, quando estava gastando bem além de seus recursos.

O gasto público aumentou ainda mais. Os salários do setor público, por exemplo, aumentaram 50% entre 1999 e 2007, um aumento muitos mais rápido do que na maioria dos outros países da zona do euro. O governo também viu a dívida aumentar bastante com as Olimpíadas de 2004, em Atenas.

Depois de ano de gastos excessivos, o deficit no orçamento do país, a diferença entre o que é gasto e a receita, cresceu de forma descontrolada.

Com a chegada da crise financeira global, em 2008, o custo dos empréstimos em bancos cresceu muito, afetando ainda mais a capacidade de honrar dívidas do país.

Os níveis de endividamento chegou ao ponto de obrigar o país a pedir ajuda a seus parceiros europeus e ao FMI. Com eles, a Grécia conseguiu empréstimos gigantescos.

As condições para liberar estes empréstimos agravou ainda mais os problemas do país, especialmente para os cidadãos comuns.

A proporção entre a dívida e o PIB da Grécia é agora a mais alta da Europa, 174% no último trimestre de 2014, segundo o Eurostat.

O país enfrenta níveis recordes de desemprego, principalmente entre os jovens.

E, depois do fracasso das negociações e da decisão do Banco Central Europeu de não estender os fundos de emergência, o país foi obrigado a fechar os bancos e restringir os saques a 60 euros por dia.

Mas agora, os fundos dos bancos gregos estão se esgotando e eles estão chegando perto de um colapso, o Banco Central Europeu informou que está discutindo a possibilidade de liberar fundos de emergência.

4 - O que os gregos pensam?

Milhões de gregos tiveram a chance de falar o que pensam: se aceitavam ou não as exigências dos credores para a liberação de mais dinheiro para a Grécia.

O plebiscito do dia 5 de julho perguntou aos gregos se eles apoiavam as exigências de medidas de austeridade feitas pelos credores, que incluíam aumento de impostos e cortes na aposentadoria.

O partido do governo, o esquerdista Syriza, fez campanha pelo "não", afirmando que as condições impostas pelos credores eram "humilhantes". Os partidários do "sim" alertaram que o "não" poderia levar à expulsão da Grécia da zona do euro.

Mas, no final, os gregos decidiram rejeitar as condições dos credores e o "não" venceu dom 61,3% dos votos, contra apenas 38,7% dos votos para o "sim".

5 - O que vai acontecer agora?

Especialistas sugerem que há pelo menos três cenários possíveis depois do resultado do plebiscito.

  1. O acordo não sai e os gregos saem da zona do euro.
  2.  Os bancos do país entram em colapso, o que também pode levar a Grécia a sair da zona do euro ou pode levar o país a um acordo.
  3.  Líderes da União Europeia fecham um acordo e evitam o colapso dos bancos.

Gregos decidem em referendo não aceitar proposta de credores