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Brasil: Dilma ganha vantagem, mas eleição para segundo turno continua imprevisível

Anna Edgerton

21/10/2014 11h41

21 de outubro (Bloomberg) -- A presidente da República, Dilma Rousseff, ganhou apoio em relação ao candidato de oposição Aécio Neves. Mas a disputa continua empatada tecnicamente menos de uma semana antes do segundo turno, segundo uma pesquisa do Datafolha publicada ontem.

Dilma tem 46 por cento de apoio e Aécio, 43 por cento, segundo a pesquisa da Datafolha realizada ontem e divulgada pela TV Globo. Na pesquisa anterior da Datafolha, publicada no dia 15 de outubro, Dilma tinha 43 por cento, contra 45 por cento de Aécio. Dilma, do Partido dos Trabalhadores, conseguiu 42 por cento no primeiro turno da eleição, no dia 5 de outubro, contra 34 por cento de Aécio, do Partido da Social Democracia Brasileira.

Os dois candidatos têm se confrontado em relação à economia, a inflação e à corrupção. Pesquisas realizadas pelo Ibope, pela MDA e pela Vos Populi também os mostram empatados tecnicamente antes do segundo turno, que será no dia 26 de outubro. Enquanto Aécio promete reduzir a inflação para colocá-la dentro da meta e impulsionar o crescimento, a candidata à reeleição diz que as políticas de seu adversário ameaçam as taxas de desemprego, que estão em uma baixa recorde, e os investimentos em programas sociais. A pesquisa de ontem mostra que os contínuos ataques de Dilma contra Aécio estão atraindo eleitores, embora esses mesmos eleitores preferissem ouvir propostas, segundo Thiago de Aragão, sócio e diretor de estratégia da Arko Advice.

"Eles foram influenciados na semana passada pelos ataques de Dilma, embora a maioria não queira ver esses ataques", disse Aragão, por telefone, de Brasília. Os eleitores "querem ver propostas, mas claramente os ataques funcionaram e o resultado está aí".

A pesquisa de Datafolha também mostrou que Dilma tinha 52 por cento dos votos válidos e Aécio, 48 por cento, contra 49 por cento e 51 por cento, respectivamente, na pesquisa de 15 de outubro. Os votos válidos excluem brancos e nulos e votantes indecisos.

Vox Populi, Ibovespa

A pesquisa do Datafolha ouviu 4.389 pessoas e tem uma margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O Datafolha não realiza pesquisas a pedido de partidos ou políticos, segundo um e-mail de seu diretor, Mauro Paulino.

Uma pesquisa do Vox Populi também publicada ontem mostrou que Dilma tem 46 por cento de apoio e Aécio, 43 por cento, segundo consulta realizada nos dias 18 e 19 de outubro com 2.000 pessoas. A pesquisa tem uma margem de erro de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. Em termos de votos válidos, Dilma tem 52 por cento, contra 48 por cento de Aécio. O Vox Populi realiza pesquisas para a campanha de Dilma, segundo um assessor de imprensa que não pode ser identificado devido à política interna.

Uma pesquisa da MDA publicada ontem mostrou que Dilma tem 45,5 por cento de apoio e Aécio, 44,5 por cento, segundo a consulta realizada nos dias 18 e 19 de outubro encomendada pela Confederação Nacional do Transporte, CNT, que tem uma margem de erro de 2,2 pontos porcentuais.

O Ibovespa, que subiu 21 por cento em relação à maior baixa em cinco anos registrada em março quando o apoio a Dilma começou a diminuir, caiu 2,6 por cento ontem. O real enfraqueceu 1,2 por cento, para 2,4643 por dólar americano.

Petrobras, economia

Em um debate televisivo, domingo à noite, os candidatos trocaram farpas sobre a economia. Aécio disse que a expectativa é que o crescimento seja praticamente nulo neste ano e que o governo administra mal a Petrobras. A candidata à reeleição disse que a projeção de seu adversário era excessivamente pessimista e que seu governo permitiu que a investigação sobre a acusação de corrupção na Petrobras prosseguisse sem interrupção.

O ex-diretor de refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que coletou subornos de fornecedores que ganharam contratos na empresa estatal e distribuiu parte do arrecadado para partidos políticos. A Petrobras é uma "vítima" na investigação e está colaborando com as autoridades, disse a empresa em um comunicado, no dia 9 de outubro.

A economia do Brasil teve uma contração de 0,6 por cento no segundo trimestre após encolher um total revisado de 0,2 por cento durante os três primeiros meses do ano. Os analistas consultados pelo Banco Central no dia 17 de outubro estimaram que o segundo maior mercado emergente do mundo crescerá 0,27 por cento neste ano, o que seria o pior desempenho desde 2009.

Título em inglês: Rousseff Gains Edge as Brazil Runoff Still Too Close to Call

Para entrar em contato com o repórter: Anna Edgerton , em Brasília, aedgerton@bloomberg.net.