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Retorno de Sarkozy como chefe do partido não garante candidatura presidencial

Gregory Viscusi e Mark Deen

26/11/2014 14h14

26 de novembro (Bloomberg) -- Nicolas Sarkozy conseguirá facilmente apoio de seu partido para retomar seu controle em uma votação que será realizada neste fim de semana. Conseguir que os eleitores franceses apoiem seu eventual objetivo de reconquistar a presidência parece um pouco mais difícil.

As pesquisas mostram como quase certa a vitória de Sarkozy, 59, que anunciou dois meses atrás seu retorno à política, na eleição de 29 de novembro para se tornar secretário-geral de seu partido, a União por um Movimento Popular. As pesquisas também mostram que a popularidade do ex-presidente está em queda no eleitorado de uma forma geral.

O cargo de líder do UMP, que ele ocupou pela primeira vez em 2004, o transformaria em líder da oposição ao presidente François Hollande sem necessariamente confirmá-lo como candidato presidencial do partido em 2017. O retorno de Sarkozy ao cenário político coincide com a baixa recorde da taxa de aprovação de Hollande.

"É tamanha a profundidade da impopularidade medida do presidente Hollande que é fácil esquecer como Sarkozy era impopular quando deixou o cargo", disse Jim Shields, professor de política e história francesa da Universidade Aston, em Birmingham, Inglaterra. "As lembranças do estilo presidencial de Sarkozy, ao qual tantos na opinião pública francesa se tornaram alérgicos, ainda estão vivas".

Sarkozy foi eleito chefe de Estado da França em 2007. Ele foi derrotado por Hollande em 2012, tornando-se o primeiro presidente em 30 anos a perder uma tentativa de reeleição. Desde então, ele foi superado pelo socialista Hollande como presidente menos popular desde que as pesquisas começaram.

Hollande disse em 6 de novembro que não concorreria novamente, a menos que a taxa de desemprego caísse em seus dois anos e meio restantes de mandato. Os pedidos de seguro desemprego estão em um nível recorde de 3,4 milhões e a economia francesa praticamente não cresceu desde que a administração socialista chegou ao poder, em maio de 2012.

Queda de popularidade

Uma pesquisa da CSA mostrou que 35 por cento dos franceses tinham uma imagem positiva de Sarkozy em novembro e 63 por cento, uma imagem negativa. A situação é pior que a registrada em setembro, pouco antes do anúncio de Sarkozy, em 19 de setembro, de que estava voltando de um exílio político autoimposto, quando 39 por cento tinham uma visão positiva e 56 por cento, negativa. A CSA entrevista 1.000 pessoas por mês e tem uma margem de erro de 3 por cento.

As pesquisas geralmente mostram que Alain Juppé, prefeito de Bordeaux e ex-primeiro-ministro, é o político mais popular da UMP entre os franceses. A UMP prometeu realizar uma eleição primária em 2016 para selecionar seu candidato para a eleição presidencial de 2017 e Juppé, de 69 anos, pretende concorrer.

Sarkozy não afirmou diretamente que busca o retorno ao Palácio Presidencial do Eliseu e disse que sua primeira tarefa é reconstruir a UMP, despedaçada por uma batalha pela sucessão quando ele anunciou, na noite de sua derrota em 2012 para Hollande, que deixaria a política. Sarkosy falou até mesmo em uma dissolução da UMP para criar um partido mais amplo de centro-direita.

"Para aqueles que querem que eu revele meus planos para a eleição presidencial em 2017, eu digo: cada coisa em seu tempo", disse Sarkozy, em um comício, no dia 7 de novembro, em Paris. "Para nossa família política, uma história está terminando e outra começando".

Embora diga que sua meta agora é apenas salvar a UMP, Sarkozy tem usado os comícios pelo país para atacar abertamente o histórico de Hollande, dizendo que o país nunca esteve em pior situação. Boa parte da retórica usada remete ao seu discurso de campanha de 2012, com ênfase na lei, na ordem e na identidade nacional.

Seus apoiadores estão contentes de que ele ainda seja basicamente o mesmo.

"Há um vazio na França e ele nos preenche com esperanças", disse Daniel de Lichana, um urbanista de 65 anos, no comício de Paris. "Não importa que ele não tenha mudado".

Título em inglês: Sarkozy Comeback as Party Head No Guarantee for Presidential Bid

Para entrar em contato com os repórteres: Gregory Viscusi, em Paris, gviscusi@bloomberg.net; Mark Deen, em Paris, markdeen@bloomberg.net.