Desvalorização do euro ganha impulso com medida de banqueiros suíços
(Bloomberg) - O euro está emergindo como a maior vítima da decisão da Suíça de eliminar o valor máximo para sua moeda.
Logo depois que o Banco Nacional da Suíça (SNB) decidiu ontem interromper inesperadamente sua política de impedir uma valorização do franco suíço para mais de 1,20 por euro, em vigor há três anos, as apostas baixistas na moeda comum da Europa cresceram rapidamente. Além de atingir um valor mínimo recorde em relação ao franco, o euro também despencou 3,5 por cento em relação a uma cesta de 10 moedas de países desenvolvidos, a maior queda desde sua estreia em 1999.
A medida do SNB elimina um pilar fundamental de apoio do euro, aumentando as probabilidades de que sua recente desvalorização se acelere. Empresas, do Goldman Sachs Group Inc. até a Pacific Investment Management Co., a maior gestora de fundos de bonds ativos do mundo, se referiram nos últimos dias à possibilidade cada vez maior de o euro se desvalorizar até chegar à paridade com o dólar, o que representaria uma queda de 14 por cento em relação aos níveis de ontem.
"A decisão joga lenha na fogueira", disse Atul Lele, diretor de investimentos do Deltec International Group, que gerencia US$ 1,9 bilhão, em entrevista por telefone de Nassau, Bahamas. "Essa medida da Suíça certamente agrava a fraqueza ponderada do euro que esperamos ver".
Salto das opções
A diferença de custo entre as opções de venda da moeda comum da Europa frente ao dólar e aquelas que permitem compras teve seu maior aumento em quase dois anos ontem. O euro se desvalorizou 1,3 por cento para US$ 1,1633 ontem em Nova York, após ter caído para até US$ 1,1568, seu menor nível desde novembro de 2003.
Em defesa do seu valor máximo para o franco, o SNB quase dobrou seu portfólio de moedas de 19 países, para 174,3 bilhões de euros (US$ 202 bilhões) desde setembro de 2011. A especulação de que o Banco Central Europeu anunciará dentro de poucos dias um programa de aquisições de bonds de governos, ou de flexibilização quantitativa, na sua reunião de 22 de janeiro, já tinha enfraquecido o euro frente às outras principais moedas.
O euro também afundou abaixo da paridade com o franco ontem. A moeda chegou ao mínimo recorde de 85,17 centavos, antes de se recuperar para 97,55. Lele da Deltec disse que ele espera uma desvalorização adicional de 5 por cento a 10 por cento.
'Grande pressão'
O Goldman Sachs mudou sua previsão de queda do euro para a paridade com o dólar para um ano antes, 2016, na semana passada, citando as expectativas de que o BCE anunciará um programa de flexibilização quantitativa como parte dos seus esforços para evitar a deflação.
A Pacific Investment Management Co., ou Pimco, se uniu ao coro nesta semana e o ING Groep NV, o prognosticador mais exato de moedas nos rankings da Bloomberg em 2014, prevê um recuo para US$ 1 no prazo de dois anos.
O SNB estabeleceu um teto para o franco em 2011, quando a crise da dívida da Europa desencadeou um êxodo de investidores dos ativos denominados em euros. O limite resistiu o conflito na Ucrânia e anos de estímulos extraordinários do BCE que impulsionaram a demanda dos investidores pelo franco como reserva de valor.
O portfólio do SNB em euros cresceu 95 por cento desde o momento em que o teto foi implementado até o terceiro trimestre do ano passado, segundo os dados mais recentes. O euro respondeu por 45 por cento do total de reservas do banco.
"A tendência central será de uma desvalorização do euro: o que pode pará-la?", disse Greg Peters, diretor-gerente e diretor sênior de investimentos da divisão de renda fixa da Prudential Financial Inc., que administra US$ 534 bilhões em bonds, ontem em entrevista por telefone de Newark, Nova Jersey. "O SNB já está fora do jogo como uma dessas barreiras. Acabou".
Título em inglês: 'Euro's March Lower Getting Boost From Swiss Bankers: Currencies'
Para entrar em contato com o repórter: David Goodman, em Londres, dgoodman28@bloomberg.net; Lananh Nguyen, em Nova York, lnguyen35@bloomberg.net
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.