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Diamond Walk reúne Prada, Zegna e poucos clientes na África

Janice Kew

04/08/2015 15h19

(Bloomberg) - Sobre o reluzente piso do mais novo destino de compras de luxo de Johannesburgo, um dos dois clientes está experimentando um blazer.

"Vejo propagandas dessas marcas nas revistas e sei o que quero, então acho bom poder entrar em uma loja e comprar", disse Lunga Tshabalala, 25, gerente em uma empresa de água em Bloemfontein, a 400 quilômetros de distância.

De Burberry a Ermenegildo Zegna, Prada e Jimmy Choo, fornecedores dos itens mais caros do mundo estão esperando que africanos ricos gastem sua crescente renda disponível em bolsas de 40.000 rands (US$ 3.162) ou em uma garrafa de champanhe de 25.000 rands no bar Arque.

Enquanto esperam que a África se torne um mercado significativo, à imagem dos centros asiáticos como Hong Kong, onde as vendas atualmente estão caindo devido ao enfraquecimento da demanda chinesa, a paciência deles poderia ser colocada à prova. Três meses depois de abrir as portas, muitas vezes há mais seguranças do que clientes no Diamond Walk, que fica no coração do distrito financeiro de Johannesburgo.

O número de milionários na África aumentou 145% entre 2000 e 2014, em comparação com uma média mundial de 73%, de acordo com a empresa de pesquisa New World Wealth. No entanto, a confiança do consumidor na África do Sul caiu no segundo trimestre para o patamar mais baixo em 14 anos, prejudicada pelos frequentes cortes de energia e pelo aumento dos preços do combustível, que pesaram na economia.

Construir uma base

Em um contexto mais amplo, a redução à metade dos preços do petróleo bruto nos últimos 12 meses está afetando o crescimento na Nigéria e em Angola.

"A decisão de abrir lojas na África do Sul teria sido tomada quando as economias africanas estavam prosperando, então se essas empresas estão buscando clientes que enriqueceram há pouco tempo, talvez elas precisem esperar mais um pouquinho", disse Wayne McCurrie, gestor de recursos da Momentum Wealth em Johannesburgo. "Imagino que elas possam suportar perdas por até uns dez anos e considerar o momento atual como a construção de uma base para quando a África deslanchar".

O número de compradores no shopping Sandton City, onde fica o Diamond Walk, totalizou cerca de 24 milhões em cada um dos dois últimos anos, disse Julie Hillary, gerente-geral do shopping, em mensagem enviada por e-mail. Após o investimento de 185 milhões de rands, o Diamond Walk está atraindo moradores locais e "uma grande quantidade" de gastos de visitantes da Nigéria, do Quênia, de Gana e de Angola, disse ela.

Números positivos

O Diamond Walk foi criado "para oferecer uma experiência exclusiva de compras para uma clientela ultra selecionada", disse uma porta-voz da Zegna. "Nos poucos meses desde a inauguração, os primeiros dados de vendas foram muito positivos e representam um indicador importante do crescimento futuro".

Qualquer inauguração de uma loja Padra em uma nova cidade "é cuidadosamente estudada", disse o porta-voz da empresa Alessandro Bonucchi em uma mensagem enviada por e-mail. A Jimmy Choo não respondeu aos pedidos de comentários.

"As marcas são aspiracionais e esses pontos de venda visam tanto o restante da África quanto a África do Sul", disse Syd Vianello, analista independente de varejo em Johannesburgo. "Se as lojas não gerarem muito dinheiro inicialmente, de qualquer maneira elas estão desenvolvendo a consciência da marca e isso poderia ser visto como publicidade".

Enquanto isso, na Burberry, Lunga Tshabalala aproveitou uma viagem a trabalho para conferir o Diamond Walk. Para o amigo dele, Moeketsi Tsoenyane, que também é de Bloemfontein, o fato de que essas lojas existam em Johannesburgo significa que ele pode ter acesso a opções de elite sem as limitações de uma viagem ao exterior.

"Tento acrescentar um pouco mais de tempo à minha viagem de negócios para fazer compras", disse Tsoenyane, que comprou um cinto e sapatos Louis Vuitton nos últimos 30 dias. "É ótimo que todas essas marcas estejam em um lugar só".