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Petróleo cai abaixo de US$ 45 pela primeira vez desde 2009 por excesso de oferta

Grant Smith

24/08/2015 15h36Atualizada em 24/08/2015 17h38

(Bloomberg) - O petróleo em Londres recuou para menos de US$ 45 por barril pela primeira vez desde março de 2009 devido à preocupação de que a procura da China esteja desacelerando, em um momento em que as ofertas dos EUA e do Irã ameaçam inchar um excesso de oferta mundial.

Os futuros do Brent chegaram a cair 6,5%, prolongando uma queda de 7,3% na semana passada, que foi a maior em cinco meses. As commodities despencaram para seu menor valor em 16 anos devido às previsões de crescimento mais fraco na China desde 1990.

O ministro do Petróleo do Irã, Bijan Namdar Zanganeh, prometeu expandir a produção "a qualquer preço", segundo o site de notícias do ministério. O número de torres de perfuração de petróleo ativas nos EUA aumentou pela sétima vez em oito semanas, mostraram dados da Baker Hughes na sexta-feira.

O agravamento do excesso mundial de petróleo impulsionou os preços mais de 30% para abaixo desde maio. O Irã visa se unir aos países-membros líderes da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aumentar a produção e os estoques de petróleo bruto dos EUA estão quase 100 milhões de barris acima da média sazonal de cinco anos.

"Não há um fim à vista para a queda livre que os preços do petróleo vêm experimentando", disse Carsten Fritsch, analista do Commerzbank em Frankfurt, em um relatório. "É impossível prever durante quanto tempo a queda dos preços continuará e quando os preços do petróleo acabarão chegando ao fundo do poço".

Cotações

O petróleo Brent a ser entregue em outubro chegou a cair US$ 1,80, para US$ 43,66 por barril na bolsa ICE Futures Europe, com sede em Londres, e estava a US$ 43,65 por volta de 13h23, horário de Londres. O contrato perdeu US$ 1,16, para US$ 45,46 na sexta-feira. O petróleo bruto de referência para a Europa era negociado com um prêmio de US$ 4,67 em relação ao West Texas Intermediate, a variedade indicadora para os EUA.

O WTI a ser entregue em outubro chegou a cair US$ 1,46, ou 3,6%, para US$ 38,99 por barril na New York Mercantile Exchange, o preço mais baixo desde 24 de fevereiro de 2009. Os preços caíram 4,8% até sexta-feira, a oitava queda semanal e o recuo mais prolongado desde 1986. O volume total quase dobrava a média de cem dias.

O Bloomberg Commodity Index de 22 matérias-primas chegou a declinar 3%, para seu nível mais baixo desde agosto de 1999, pois a desaceleração econômica da China exacerbou vários excedentes, do petróleo aos metais. O país asiático é o maior consumidor de energia do mundo. A queda do petróleo bruto provocou perdas nas ações de empresas relacionadas. A Royal Dutch Shell, a maior companhia de petróleo da Europa por receita, chegou a cair 5,7%, para 15,96 libras esterlinas por ação, a maior queda em mais de quatro meses.

O retorno do Irã

O Irã era o segundo maior produtor da Opep antes de as penalidades internacionais ao seu programa nuclear entrarem em vigor em meados de 2012. O país tentará recuperar as vendas de petróleo, independentemente dos preços, disse Zanganeh no mês passado depois que os negociadores chegaram a um acordo com as potências mundiais que propõem aliviar as sanções.

A Opep, que fornece cerca de 40% do petróleo bruto do mundo, extrai acima de sua cota de 30 milhões de barris por dia há mais de um ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. A produção do Irã ficou atrás das da Arábia Saudita e do Iraque em julho.

Nos EUA, o número de torres aumentou em duas unidades, para 674, até o dia 21 de agosto, segundo a Baker Hughes, empresa de serviços para campos de petróleo. É o maior número desde o dia 1º de maio.