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Analista que previu boom e colapso da China recomenda aproveitar rali para vender

Kyoungwha Kim e Cindy Wang

08/10/2015 14h23

(Bloomberg) - A volatilidade no mercado acionário mais selvagem do mundo finalmente está diminuindo. Se você acha que esse é um motivo para comprar ações chinesas, Hao Hong, da Bocom International Holdings, tem uma longa lista de argumentos para fazer você mudar de ideia.

Para começar, a avaliação do Shanghai Composite Index está acima de sua média de longo prazo, mesmo depois de uma queda de 41% no indicador de referência desde meados de junho. Os esforços do governo para reforçar o yuan vão drenar a liquidez do mercado, diz Hong, e o afundamento dos volumes de ações sugere que os investidores não têm fé em uma recuperação. Ele rejeita a noção de que o estímulo econômico direcionado baste para restabelecer o mercado altista.

Depois de ter se destacado como um dos poucos analistas que previram tanto o começo quanto o pico do boom acionário da China, Hong volta a agir separadamente de seus colegas no momento em que os mercados da China Continental operam outra vez depois de uma semana de feriado. Ele diz que o Shanghai Composite precisa cair 18%, para 2.500 pontos, para ficar barato o suficiente para comprar, ao passo que a média de estimativas de outros oito estrategistas compiladas pela Bloomberg implica um rali de 12% até o final do ano.

"Eu ainda acho que é melhor vender em valores máximos do que comprar depressões", disse Hong, o estrategista-chefe da Bocom para a China em Hong Kong, em uma entrevista por e-mail. "O governo conseguiu restringir a volatilidade do mercado. Mas o volume também está morrendo".

Previsões

Hong se tornou otimista em relação às ações chinesas em setembro de 2014, dizendo que o apoio do governo ao mercado significava que estava "na hora de jogar nossas noções pela janela", ignorar os dados econômicos cada vez mais fracos e comprar ações deprimidas.

O Shanghai Composite mais que dobrou do momento em que ele fez essa recomendação até atingir o pico do dia 12 de junho. Em uma entrevista à Bloomberg Television, no dia 16 de junho, Hong disse que as ações da China avançavam para um "colapso considerável" depois de terem entrado em uma bolha. O indicador acionário despencou 40% desde aquela data até o valor mínimo que registou no dia 26 de agosto.

Mesmo depois da queda, o Shanghai Composite tem uma avaliação equivalente a 15,3 vezes os lucros informados, em comparação com a média de 13 em três anos. A ação média no índice, onde bancos com preços baixos têm algumas das maiores ponderações, opera a 49 vezes os lucros, o nível mais alto entre os indicadores de referência nos dez maiores mercados do mundo.

Previsões de estrategistas

O Shanghai Composite subirá para 3.418,75 pontos até o final do ano, segundo a média de estimativas de estrategistas compiladas pela Bloomberg. No caso dos previsores que forneceram uma faixa de preços, incluiu-se na média a meta superior. Mais detalhes sobre os planos do governo para aumentar a eficiência das empresas estatais e medidas maiores para impulsionar o crescimento econômico estiveram entre os possíveis catalisadores mencionados pelos altistas.

Declínios na dívida de margens e uma redução do apoio do governo ao mercado limitarão os ganhos, disse Daniel So, estrategista da CMB International Securities em Hong Kong. As apostas alavancadas, que ajudaram a alimentar o rali no primeiro semestre do ano, despencaram cerca de 60% desde o pico, e o número de investidores novos caiu mais de 80 por cento. Fundos estatais gastaram US$ 236 bilhões na aquisição de ações nos três meses até agosto, segundo o Goldman Sachs.

A queda nas reservas de moeda estrangeira vai drenar dinheiro do sistema financeiro da China e poderia limitar qualquer ganho nas ações, disse Hong, da Bocom. As reservas da China sofreram uma queda recorde no terceiro trimestre porque o banco central vendeu dólares para apoiar o yuan depois da desvalorização no dia 11 de agosto.

"Haverá alívios técnicos excessivamente vendidos", disse Hong. Tais ralis "podem dar às pessoas a ilusão de uma nova alvorada - até que elas abandonem a esperança de encontrar pechinchas".