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Rolls-Royce estaria pensando em voltar a fabricar motores para jatos de curta distância por oportunidade com a Boeing

Benjamin Katz

28/10/2015 16h14

(Bloomberg) - A Rolls-Royce Holdings Plc está avaliando se uma tendência para aviões maiores lhe dará uma oportunidade para reingressar no mercado dos motores para jatos de curta distância, segundo uma fonte do setor.

O trabalho da Boeing Co. em um sucessor do 757, o avião de fuselagem estreita mais longo da história, poderia apontar para substitutos maiores de seu modelo 737 e do A320 da Airbus Group SE. Isso tornaria os motores atuais redundantes e permitiria à Rolls concorrer em termos iguais, disse a fonte, que pediu não ser identificada porque os estudos da empresa são privados.

Warren East, CEO desde julho, falará sobre os planos para as aeronaves que a Rolls chama de aviões no meio do mercado - maiores do que os jatos regionais, mas menores do que os modelos de fuselagem larga - no dia 24 de novembro, quando ele informar os investidores sobre as conclusões iniciais de uma revisão da estratégia, segundo a fonte.

A Rolls-Royce abandonou o mercado de aviões de corredor único quando vendeu uma participação de 33 por cento no consórcio International Aero Engines AG, liderado pela Pratt Whitney, em 2011. Um retorno ao segmento a colocaria contra a Pratt, da United Technologies Corp., e contra a CFM International, a aliança da General Electric Co. com a Safran SA.

A Pratt Whitney utilizou o modelo reequipado A320neo da Airbus para apresentar um design de motor turbofan totalmente novo, embora tenha sido principalmente para defender a participação no mercado contra o novo modelo Leap da CFM em vez de abordar um mercado novo.

Revisão

A Rolls-Royce está revisando sua estratégia em um momento em que a produção de motores Trent para aviões de fuselagem larga se encaminha para bater recordes com as entregas aceleradas da turbina XWB que move o mais novo modelo da Airbus, o A350, catapultando a empresa para cerca de 50 por cento do mercado de modelos com dois corredores entre assentos.

A Rolls projeta que mais de 11.000 aviões com 110 a 250 assentos serão necessários de 2014 a 2023, frente a 3.000 com capacidade para 300 passageiros ou mais. A demanda tem sido incentivada por empresas aéreas de baixo custo como a Southwest Airlines Co., a Ryanair Holdings Plc e a AirAsia Bhd., que utilizam ou encomendaram centenas de aviões de curta distância.

Diferença radical

Embora as decisões de renovação que levaram à criação do A320neo e do 737 Max deixaram a Rolls congelada, a prolongação de modelos que existem há décadas implica que os modelos sucessores poderiam ser radicalmente diferentes no que se refere ao tamanho, à autonomia, à velocidade e a muitos outros parâmetros, pois os designers tentam abordar a evolução do mercado de viagens aéreas.

Isto poderia dar à Rolls-Royce a oportunidade de que precisa, especialmente porque o foco da Boeing em um substituto para o 757 poderia indicar uma tendência para aviões maiores que leve os aviões comerciais para rotas curtas a se transformar em miniaviões de grande porte, disse a fonte.

As operadoras com descontos já estão passando para modelos maiores. A EasyJet Plc está trocando os modelos A319 da Airbus pelos A320 e a Wizz Air Holdings Plc está passando para o A321. Os aviões maiores também maximizam o número de assentos por voo, diminuindo a pressão sobre pistas de pouso e decolagem lotadas.

Não fica claro se a Rolls-Royce conseguiria reingressar sozinha no mercado de curta distância ou procuraria outra parceria. As alianças entre as fabricantes de motores não são incomuns e a Rolls explorou um novo acordo em metades com a Pratt Whitney após a reestruturação da IAE, mas abandonou o plano em 2013 em meio a preocupações antitruste.

Falta pelo menos uma década para a entrada em serviço de todos os novos modelos de curta distância, sendo que um substituto para o 757 - cuja produção parou em 2004 - foi projetado para meados da década de 2020 se for adiante, e a Airbus disse em julho na Exposição Aérea de Paris que o sucessor de seu modelo A320 poderia ser adiado para 2030.

Título em inglês: 'Rolls-Royce Said to Mull Short-Haul Return as Boeing Opens Door'

Para entrar em contato com o repórter: Benjamin Katz, em Londres, bkatz38@bloomberg.net