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Maiores consumidores se definem vencedores de reunião da Opep

Heesu Lee e Debjit Chakraborty

27/11/2015 14h19

(Bloomberg) -- Os consumidores de petróleo da Ásia estão certos de uma coisa neste momento em que a Opep prepara sua reunião: eles sairão vencedores com o desentendimento do grupo sobre a produção.

Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo se reunirão no dia 4 de dezembro em Viena, onde o Irã disse que anunciará seus planos de ampliar a produção em 500.000 barris por dia. A decisão poderá expandir ainda mais a produção do grupo formado por 12 países, que excedeu sua meta durante 17 meses. O incremento nos volumes expandiria um excedente global e beneficiaria as maiores refinarias da região consumidora de petróleo, que estão em busca de fontes mais baratas de petróleo bruto.

A Opep deverá continuar com sua estratégia de defender participação de mercado mantendo a produção e fazendo cair a produção de custo mais elevado em outras partes, segundo analistas e traders consultados pela Bloomberg. Isso deixará membros como a Arábia Saudita livres para continuar bombeando mesmo em meio aos pedidos do Irã para abrir espaço para sua oferta extra depois que as sanções internacionais devido ao seu programa nuclear forem levantadas.

"Este é provavelmente o melhor momento que já tivemos como compradores", disse Kim Woo Kyung, porta-voz da SK Innovation Co., maior refinaria da Coreia do Sul. "Estamos desfrutando do excesso de petróleo".

A Opep excede sua meta de produção de 30 milhões de barris por dia desde junho de 2014 bombeando uma quantidade quase recorde de petróleo, impulsionada pelos incrementos de seus maiores membros, a Arábia Saudita e o Iraque. A estratégia do grupo de defender participação de mercado ajudou a elevar as margens de refino para os processadores asiáticos, que têm sido presenteados por um fluxo estável de cargas baratas do Oriente Médio ao México, da Nigéria à Rússia.

Os lucros da transformação de petróleo em nafta, que é usado para produzir gasolina e produtos petroquímicos, aumentaram para US$ 9,42 por barril neste mês, nível mais elevado desde maio, pelo menos, mostram dados compilados pela Bloomberg. Os custos de aquisição das refinarias caíram. O Japão, segundo maior consumidor de petróleo da Ásia, gastou uma média de US$ 51,22 por barril em setembro para abastecimento, contra US$ 113,47 em janeiro de 2014, segundo dados do Ministério das Finanças do país.

Apesar de o declínio do petróleo ter se espalhado para combustíveis como a gasolina, o ritmo da queda do petróleo bruto foi mais rápido. Os preços à vista do transporte de combustível de motor a partir de Cingapura caíram cerca de 37 por cento ao longo dos últimos 12 meses, contra um declínio de cerca de 45 por cento no petróleo bruto de Dubai, referência para os transportes para a Ásia. Além disso, o combustível mais barato aumentou a demanda do consumidor pelos suprimentos que as refinarias vendem.

"As margens de refino na Ásia permaneceram muito fortes, certamente muito mais fortes do que em 2014, em grande parte porque os preços das matérias-primas caíram significativamente", disse Victor Shum, vice-presidente da IHS Inc., uma consultoria do setor com sede em Englewood, Colorado, EUA, por telefone, de Cingapura.

O petróleo Brent, referência para mais da metade do petróleo do mundo, caiu cerca de 21 por cento neste ano após um declínio de quase 50 por cento em 2014. Os contratos futuros foram negociados em Londres em quase US$ 45 por barril na sexta-feira. O West Texas Intermediate, referência dos EUA, estava perto de US$ 43 por barril, cerca de 42 por cento abaixo do valor de 12 meses antes.

A região Ásia-Pacífico consumirá 31,87 milhões de barris de petróleo por dia em 2015, excedendo a demanda de 31,28 milhões de barris do continente americano, disse a Agência Internacional de Energia em um relatório no dia 13 de novembro. China, Índia, Japão e Coreia do Sul estarão entre os maiores usuários de petróleo, segundo a AIE, que tem sede em Paris.

"Eu vejo os mercados com uma oferta abundante durante seis meses a um ano", disse Naveen Kumar, gerente-geral de comércio internacional e abastecimento da Hindustan Petroleum Corp., uma processadora estatal indiana. "Como somos uma refinaria, os baixos preços do petróleo estão nos beneficiando, por isso continuaríamos esperando que os preços permanecessem baixos".

Título em inglês: Biggest Oil Buyers Pick Themselves as Winners From OPEC Meeting

Para entrar em contato com os repórteres: Heesu Lee, em Seul, hlee425@bloomberg.net; Debjit Chakraborty, em Nova Delhi, dchakrabor10@bloomberg.net.