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Melhor fundo de mercados emergentes vê oportunidade em ações

Maria Levitov

25/01/2016 10h46

(Bloomberg) -- É cedo demais para ficar otimista em relação aos mercados emergentes como um todo, mas uma importante medida das avaliações caiu o suficiente para justificar a compra de ações selecionadas até mesmo nos mercados mais problemáticos, segundo o melhor gestor de recursos do ano passado.

Phil Langham, da RBC Global Asset Management, cujo fundo acionário para países em desenvolvimento rendeu os melhores retornos de 2015 entre seus pares com pelo menos US$ 1 bilhão sob gestão, disse que na média os preços das ações caíram para cerca de 1,2 vez seu valor contábil, um nível que antecedeu altas no passado. Langham disse que a avaliação lhe dá confiança para aumentar as posições em empresas capazes de proteger os lucros em um ambiente de crescimento mais lento.

"Eu me sinto relativamente otimista quanto a uma visão mais de médio prazo", disse Langham, que administra US$ 2 bilhões, em entrevista em Londres no dia 21 de janeiro. "Historicamente, quando atingimos avaliações próximas desse nível a tendência foi defini-las como um bom indicador de um forte desempenho futuro".

Langham tem um foco detalhado sobre os dados básicos das empresas, ao contrário da chamada estratégia de investimento top-down, baseada em sinais macroeconômicos. Em um ano em que o MSCI Emerging Markets Index caiu 17 por cento, a abordagem possibilitou que seu RBC Emerging Markets Equity Fund tivesse um yield de 6,8 por cento, superando os retornos de fundos comparáveis tanto em base absoluta quanto ajustada pelo risco.

Além da queda forte

O fundo mantém investimentos em empresas como a China Mobile, o Banco Bradesco, a AIA Group, com sede em Hong Kong, a fabricante indiana de medicamentos Lupin e a empresa de telecomunicações Axiata Group da Malásia, todas consideradas por ele capazes de gerar fluxos de caixa em épocas de crise econômica. Langham disse que está mantendo suas posições nas ações mesmo após a queda forte no ano-novo.

"Nosso volume de negócios não tem sido muito alto", disse ele. "O que temos procurado fazer é aumentar as posições nos nomes que gostamos e que têm estado relativamente enfraquecidos".

"Poder de precificação" é um termo que Langham usa muitas vezes para descrever suas empresas favoritas. É uma referência à capacidade das empresas de ditar os preços de seus produtos, ou pelo menos minimizar os cortes, devido a uma participação de mercado dominante, à diferenciação de produto ou à demanda consistente. Por exemplo, a Housing Development Finance, uma das posições de Langham, domina o mercado hipotecário indiano e consegue cobrar uma taxa de juros mais elevada do que os credores menores.

"No ambiente atual, você quer ter investimentos em empresas com poder de precificação", disse Langham. "Colocamos muita ênfase em encontrar empresas com balanços saudáveis e fluxos de caixa robustos. Uma das coisas sobre as quais estamos particularmente cautelosos no ambiente atual são as dívidas externas".

Bonds distressed

Esse temor é compartilhado pelos investidores de todas as classes de ativos. Mais de 5 por cento dos eurobonds corporativos dos mercados emergentes são negociados em níveis distressed, um sinal de enfraquecimento do sentimento em um momento em que os credores se preparam para US$ 115 bilhões em resgates de notas em dólares neste ano.

O ano-novo não tem sido tão gentil com o portfólio de Langham quanto 2015. O fundo perdeu cerca de 7 por cento, mostram dados compilados pela Bloomberg. Mas o gestor de recursos continua realizando adições graduais aos seus investimentos e diz que quer estar pronto para quando o mercado começar a se recuperar.

O índice MSCI, que testemunhou o que estava se transformando no pior início de um ano na história, se recuperou na sexta-feira e agora caminha para sua maior alta em um período de dois dias desde agosto. Analistas consultados pela Bloomberg previram que o índice subirá 29 por cento nos próximos 12 meses.

"Muitas vezes não há um catalisador", disse Langham, quando indagado sobre quais condições mudariam a tendência para as ações dos mercados emergentes. "Um dia os mercados simplesmente começam a subir".