Financiamento coletivo é opção para ter um filho nos EUA
(Bloomberg) -- Os seres humanos, assim como os outros animais, vivem para se reproduzir. E quando não conseguem, estão dispostos a desembolsar grandes quantias para obter ajuda. Nos EUA, alguns usam cartões de crédito, planos de aposentadoria e até mesmo empréstimos para financiar a fertilização in vitro, que pode chegar a custar US$ 12.000 a cada tentativa.
A mais nova forma de financiar a unidade familiar é pedir o dinheiro a estranhos. O financiamento coletivo se tornou um mecanismo popular para muitos casais que não têm condições de bancar o alto custo da fertilização in vitro (FIV), adoção ou barriga de aluguel.
"Não é fácil falar disso publicamente", diz Crystal Barrett, 33 anos, que usou o site youcaring.com para captar fundos para remédios e outras despesas enquanto se submetia a diversas rodadas do tratamento de FIV. "Mas eu e meu marido estávamos entre a cruz e a espada". Quarenta e cinco dias depois de publicar sua meta de financiamento em dezembro, ela e o marido Josh conseguiram os US$ 1.500 que queriam. Agora, ela está no sexto mês de gravidez.
A campanha deles foi modesta em comparação com o custo real da FIV, que pode superar US$ 20 mil. Crystal deu destaque a suas necessidades entre possíveis doadores virtuais usando as redes sociais e escrevendo regulamente em um blog sobre resultados dos exames, ultrassonografias e o que ouvia falar sobre determinados remédios. Segundo ela, "era como um trabalho".
O financiamento para FIV se tornou uma categoria robusta do GoFundMe.com, onde mais de US$ 3,6 milhões foram captados por mais de 1.700 campanhas de FIV, com quase 37 mil doações individuais. O total de campanhas e tratamentos de FIV presenteados aumentou todos os anos desde o lançamento da companhia, em 2010.
No Giveforward.com a categoria que inclui FIV e adoções é a que mais rapidamente cresce, tendo subido 429% durante os oito primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015, de acordo com Josh Chapman, presidente da companhia (ele disse que o aumento se divide equitativamente entre FIV e adoções). No entanto, ele observou que essas iniciativas tendem a captar apenas 20% do valor arrecadado por campanhas mais tradicionais de assistência médica.
Barbara Collura, presidente da RESOLVE: The National Infertility Organization, diz ter observado que muitos dos futuros pais recorreram ao financiamento coletivo, mas ela ficou mais impressionada com outra tendência. O grupo fez uma pesquisa para perguntar às mulheres que se submeteram ao ciclo de FIV nos últimos três anos como elas pagaram pelas despesas médicas.
"A maioria das pessoas usou um cartão de crédito, cerca de 26% usaram um empréstimo bancário e 20% citaram doações de amigos e familiares -- aí entraria o financiamento coletivo", disse Collura. Dez por cento optaram pela categoria "outros", e muitos escreveram que recorreram às economias do plano de aposentadoria.
Resulta que, no início de seus tratamentos de FIV, Crystal também fez isso. "Eu não queria", disse ela. "Mas eu estava pagando o cartão de crédito e os empréstimos pessoais que tinha contraído para a FIV."
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