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Santander lidera aposta em boom de empréstimos home equity

Paula Sambo e Francisco Marcelino

09/11/2016 14h32

(Bloomberg) -- Bancos no Brasil estão contando com um salto nos empréstimos na modalidade home equity, ou crédito com garantia de imóvel (CGI), à medida que consumidores usam suas residências para obter financiamento mais barato face às altas taxas de juros.

Gilberto Abreu, diretor executivo do Banco Santander, espera que empréstimos liderem crescimento do crédito pessoal em 2017 enquanto devedores tentam pagar dívidas elevadas. Nos próximos 5 anos, linhas hipotecárias devem disparar para R$ 200 bilhões (US$ 63 bilhões) partindo de apenas R$ 12 bilhões atualmente, segundo João Vitor Menin, presidente do Banco Intermedium SA.

Com desemprego elevado e crédito apertado, consumidores estão cada vez mais necessitando de opções de empréstimos mais acessíveis, como por exemplo usar suas casas como garantia. Para bancos, os empréstimos podem ser uma fonte crescente de receita em um momento em que novo crédito no Brasil caiu 10% em setembro na comparação anual.

"Esta é certamente a linha mais barata", disse Abreu. "Isso significa pagar taxa nominal de 20% ao ano contra cerca de 400% que seriam cobrados via empréstimo de cartão de crédito. Do lado do banco, isso é muito interessante porque esta é uma forte, inquestionável garantia e uma vez que a taxa de juros é menor, há mais chances de os clientes pagarem a dívida."

O Santander oferece empréstimos home equity de R$ 200 mil e 15 anos para uma casa no valor de R$ 400 mil a uma taxa efetiva total de cerca de 20%, dependendo do perfil do consumidor. Isso comparado a taxa Selic de 14%.

Enquanto os preços das casas subiram nos últimos anos, o mercado imobiliário é muito menos alavancado do que nos EUA, de acordo com Menin do Intermedium.

Ainda assim, os empréstimos ao consumidor em atraso superior a 90 dias subiram para 6,23% em setembro, o maior desde maio, quando a taxa havia alcançado um pico de três anos, e acima de 5,74% um ano antes.

"À medida que os consumidores buscam melhorar a qualidade da sua dívida, devemos ver um grande aumento em empréstimos home equity", disse Menin. "Os brasileiros passaram por um momento difícil para conquistar suas casas, então precisam ser educados sobre esse tipo de crédito."

A carteira de crédito home equity da Intermedium é de R$ 550 milhões, acima dos R$ 380 milhões no final do ano passado.

Alexandre Gomide, gerente do Banco Paulista SA, disse que o mercado para empréstimos tem o potencial de pelo menos dobrar de tamanho no próximo ano.

Em 2018, as linhas de home equity podem ser responsáveis por cerca de 20% da carteira do banco, que atualmente é de R$ 500 milhões, disse ele. Nenhum cliente do Banco Paulista ficou inadimplente nesse tipo de dívida desde que o banco começou a oferecer os empréstimos em julho.

"Nós criamos um produto aqui que é garantido por uma propriedade que vale pelo menos o dobro", disse Gomide. "Nós não estamos emprestando dinheiro em relação a valorização do ativo; estamos emprestando dinheiro com juros menores para pessoas que já pagaram por suas casas e não querem perdê-las."