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Piores economias de 2018 continuam assombradas pela inflação

Michelle Jamrisko e Catarina Saraiva

15/02/2018 14h38

(Bloomberg) -- A alta de preços é uma ameaça maior para a economia global neste ano do que a falta de emprego, de acordo com o Bloomberg Misery Index, que compila as projeções de inflação e desemprego para 66 economias.

Pelo quarto ano seguido, a Venezuela se sobressai como economia em pior estado do mundo, com uma pontuação três vezes maior do que em 2017. A Tailândia novamente conseguiu pontuar como a menos infeliz, embora sua forma de calcular a taxa de desemprego desvie as atenções para a segunda colocada, Cingapura. Já o México aparentemente mostra grande avanço neste ano, à medida que a inflação fica mais administrável. A Romênia está mais miserável pelo motivo oposto.

O Bloomberg Misery Index se baseia no conceito antigo de que inflação e desemprego baixos sinalizam que uma população vai bem. Naturalmente, uma pontuação baixa às vezes engana. Por exemplo, preços persistentemente baixos podem refletir demanda fraca e desemprego muito baixo pode mostrar que está difícil conseguir um trabalho melhor.

Os resultados indicam que a perspectiva global é boa, de modo geral. Os economistas estimam que a economia mundial vai crescer 3,7 por cento em 2018, mesmo ritmo do ano passado, que foi o melhor desde 2011, segundo a previsão mediana da sondagem da Bloomberg.

No entanto, na Venezuela, a hiperinflação fez com que alguns economistas desistissem de projetar a variação dos preços. A taxa de câmbio no mercado negro ajuda e medidas alternativas acompanham a oscilação diária dos preços. A ordem recente do governo de reduzir preços de alimentos aliviou a inflação temporariamente, mas os economistas sondados preveem alta de 1.864 por cento neste ano. Já o Fundo Monetário Internacional projeta 13.000 por cento em 2018, após atingir 2.400 por cento em 2017.

A Romênia também caminha na direção errada. A expectativa dos economistas é que a inflação se acelere para 3,3 por cento em 2018, de modo que o país caiu 16 posições no ranking para 34º colocado. O banco central está combatendo a inflação com aumentos de juros, tentando impedir um superaquecimento econômico por causa da disparada dos gastos públicos.

Na outra ponta, o México registrou o maior progresso do ano, subindo 16 posições. Os economistas seguem confiantes que o banco central conseguirá domar a inflação alta do ano passado, de 6 por cento, baixando-a para 4,1 por cento neste ano.

O desemprego deve permanecer ao redor de 3,4 por cento. É importante lembrar que os dados de desemprego do México não levam em conta a parcela de 60 por cento de trabalhadores da economia informal. E apesar da melhora deste ano, a confiança do consumidor continua mal das pernas e as negociações para o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) talvez não terminem com final feliz.

--Com a colaboração de Patricia Laya Nacha Cattan Cynthia Li Andre Tartar Sarina Yoo Harumi Ichikura Tomoko Sato e Christopher Cannon