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4 conselhos comuns para investidores de longo prazo - mas que podem ser revistos

26/09/2013 11h34

SÃO PAULO - Poupar e investir pensando no longo prazo não é uma tarefa simples e o que não faltam são conselhos de todo tipo para os investidores. Alguns são repetidos inúmeras vezes e vistos como verdade pela maioria dos investidores. No entanto, o colunista do site Market Watch, Paul Merriman, listou 4 conselhos que o investidor de longo prazo deve analisar muito bem antes de seguir:

1 – “O melhor investimento que você pode fazer é em empresas de crescimento bem administradas”

O colunista afirma que essa estratégia pode parecer atraente, afinal, quem não quer investir em companhias respeitadas e bem administradas?  Se a prioridade do investidor for o conforto de saber que possui ações de empresas populares, esse não é um conselho ruim. No entanto, se ele quiser retornos superiores no longo prazo, deve saber que as empresas de baixo valor e small-caps têm uma maior probabilidade de trazer esses ganhos, afirma o colunista. A razão é simples: as empresas de crescimento de alta qualidade são os mais populares e muito precificadas. Quase por definição, o investidor não poderá comprar esses papéis a preços de pechincha, ressalta Merriman.

Não é segredo que as ações de baixo valor e as small caps possuem retornos maiores no longo prazo do que as ações de crescimento com grande capitalização, afirma o colunista. No entanto, é importante lembrar que esses ganhos costumam vir com riscos maiores. 

2 – “Quanto mais tempo você ficar em um investimento, maior é a sua chance de sucesso”
Para Paul Merriman, esse conselho parece plausível na superfície, mas na verdade está errado. Segundo ele, o oposto disso seria verdade, ou seja, quanto mais tempo o investidor manter um investimento ou um portfólio, maiores são as chances de acontecer um evento catastrófico. Uma crise profunda não é provável nos próximos anos, mas deve acontecer nos próximos cinquenta anos, ressalta.

O mercado está repleto de histórias de sonhos fracassados, de investidores que não desistiram ou jogaram a toalha, mesmo depois de décadas de espera para as suas escolhas de investimento a vingarem, destaca o colunista.

3 – “Corte suas perdas e deixe seus ganhos correrem”
Talvez isso faça sentido se o investidor está comprando e vendendo pensando no curto prazo. Mas se ele está investindo para o longo prazo em uma classe de ativos com um longo histórico de retornos produtivos, este é um conselho terrível.

Cada classe de ativos, inevitavelmente tem seus altos e baixos. Os investidores que não estão dispostos e aptos a tolerar ciclos de baixa nunca vão conseguir as recompensas de longo prazo que procuram. Praticamente todas as evidências acadêmicas mostram que, entre as classes de ativos, os vencedores no curto prazo, um dia, irão se tornar perdedores de curto prazo, e vice-versa, explica o colunista.

O investidor pode usar isso a seu favor, se ele seguir o conselho convencional de maneira inversa. A ideia é fazer isso em duas partes. Primeiro, ele deve retirar periodicamente alguma parte dos lucros de suas classes de ativos mais produtivos. Em segundo lugar, usar os recursos para investir em classes de ativos que apresentaram resultados insatisfatórios. Isso, segundo Merriman, força o investidor receber parte dos lucros antes que o mercado "os leve" embora.

4 – “Invista em companhias que você conhece e cujas operações você entende”
O colunista afirma que muitas vezes ao longo dos anos tem ouvido essa "pérola de sabedoria", que supostamente serve para ajudar os investidores a escolher ações. Para Merriman, esse pode ser um bom conselho, se o seu objetivo é se sentir confortável e inteligente. Mas é péssimo, se o investidor bons retornos a longo prazo. O colunista cita então duas razões para afirmar que este é um conselho ruim.

Em primeiro lugar, muitas pessoas sabem muito apenas sobre um único setor. Mas isso não diz nada sobre onde os lucros futuros virão. Se o investidor investir apenas na indústria com a qual está familiarizado, não vai ter a diversificação adequada. E vai, sem dúvida, perder muitas oportunidades, só porque eu não as entende, é o que afirma Paul Merriman.

O segundo argumento reside, segundo o colunista, na enorme diferença entre o que as pessoas pensam que sabem e aquilo que realmente sabem. Merriman afirma que viu algumas vezes como alguns investidores realmente inteligentes tornam-se convencidos de que "conhecer" uma determinada empresa ou uma indústria é garantia de um invemento certeiro, apenas para ver suas aplicações despencarem.