Ex-atleta olímpico agora compete como empresário de tecnologia
Empreender é o caminho encontrado por alguns ex-atletas para continuar na trilha do sucesso. É o caso de Pedro Chiamulera, 48, ex-corredor que já disputou dois Jogos Olímpicos. Antes acostumado a vencer os obstáculos das provas de cem e 400 metros com barreiras, hoje ele compete em outra área: a da tecnologia.
“Sempre gostei de tecnologia e vi que ali tinha futuro e muito a crescer. Queria ter um negócio na área e sabia que a vida de atleta era curta, tem de se dedicar muito sem se esquecer do futuro, pois, de uma hora para outra, pode perder toda a receita [financeira]”, afirma.
Em 2001, depois de ter disputado as Olimpíadas de Barcelona (1992) e de Atlanta (1996) e passado por cinco torneios mundiais, dez sul-americanos e 15 campeonatos brasileiros, ele fundou a ClearSale, empresa de validação e segurança de pagamentos pela internet.
Transição exigiu preparo
A mudança radical veio após muita preparação e treino. Enquanto morava e treinava nos Estados Unidos, entre 1986 e 1993, o atleta aproveitou para cursar uma faculdade de ciências da computação.
Em contato com a nova área, procurou aprofundar seus conhecimentos e entender como a tecnologia poderia ser aplicada também aos negócios. "Na época, eu tinha 35 e já havia esgotado tudo o que podia fazer como atleta. Estava meio cansado da dedicação extrema ao atletismo."
De volta ao Brasil e já com a carreira encerrada no atletismo, Chiamulera começou a desenvolver softwares para empresas. E dessa experiência enxergou que poderia crescer por conta própria. “Na época, não tinha muita noção de como gerenciar um negócio, mas soube identificar uma oportunidade e onde a tecnologia podia ser aplicada”, diz.
Segundo o empresário, as carreiras de atleta e empresário têm algumas semelhanças. Nas duas, é preciso aprender com os erros, olhar para frente e não desistir quando o resultado não é imediato.
"Machucava-me muito como atleta e levei 20 anos de carreira para fazer meu melhor tempo. Na empresa, só depois de dez anos comecei a ter sucesso, também a longo prazo", declara.
Chiamulera, que começou a carreira no atletismo aos 12 anos, ainda na escola, tirou muitas lições do esporte. Como empresário, ele aproveita principalmente o otimismo, a dedicação e a responsabilidade adquiridas nas competições.
“Como atleta, se você não conseguir bater o índice, não vai para a competição e não tem desculpa. Com a empresa é a mesma coisa, você tem de entregar o que prometeu, sem desculpas”, afirma.
Empresário agora derruba barreiras entre as pessoas
Chiamulera na prova dos 400 metros com barreiras, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996
Pouco antes da consolidação no mercado, o empresário passou por momentos difíceis à frente do negócio. Em 2005, com o mercado de tecnologia aquecido, vários funcionários deixaram a empresa por salários maiores.
Com a debandada de profissionais, Chiamulera percebeu que tinha de mudar a filosofia da empresa para evitar novas perdas. Uma vez por semana, o empresário conversava com os funcionários novos e remanescentes sobre o que fazia sentido para eles e queriam na empresa.
Das conversas nasceu a UAH (Universidade da Assertividade Humana), programa em que os funcionários param suas atividades durante uma hora, uma vez por semana, para discutirem assuntos variados, como música, sexo, novelas etc.
“É a hora de desligar o profissional e ligar o pessoal. Não há perda de produtividade, o profissional volta mais animado para o trabalho e o resultado final é muito maior”, declara.
Segundo o empresário, depois da criação do programa, a rotatividade de profissionais nas áreas administrativa, financeira e de inteligência caiu para quase zero. “Isso gera confiança no time, que passa para o cliente. É muito mais sustentável a longo prazo.”
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