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Ex-atleta olímpico agora compete como empresário de tecnologia

Pedro Chiamulera hoje comanda empresa de validação de pagamentos pela internet - Divulgação
Pedro Chiamulera hoje comanda empresa de validação de pagamentos pela internet Imagem: Divulgação

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

30/07/2012 06h00

Empreender é o caminho encontrado por alguns ex-atletas para continuar na trilha do sucesso. É o caso de Pedro Chiamulera, 48, ex-corredor que já disputou dois Jogos Olímpicos. Antes acostumado a vencer os obstáculos das provas de cem e 400 metros com barreiras, hoje ele compete em outra área: a da tecnologia.

“Sempre gostei de tecnologia e vi que ali tinha futuro e muito a crescer. Queria ter um negócio na área e sabia que a vida de atleta era curta, tem de se dedicar muito sem se esquecer do futuro, pois, de uma hora para outra, pode perder toda a receita [financeira]”, afirma.

Em 2001, depois de ter disputado as Olimpíadas de Barcelona (1992) e de Atlanta (1996) e passado por cinco torneios mundiais, dez sul-americanos e 15 campeonatos brasileiros, ele fundou a ClearSale, empresa de validação e segurança de pagamentos pela internet.

Transição exigiu preparo

A mudança radical veio após muita preparação e treino. Enquanto morava e treinava nos Estados Unidos, entre 1986 e 1993, o atleta aproveitou para cursar uma faculdade de ciências da computação.

Em contato com a nova área, procurou aprofundar seus conhecimentos e entender como a tecnologia poderia ser aplicada também aos negócios.  "Na época, eu tinha 35 e já havia esgotado tudo o que podia fazer como atleta. Estava meio cansado da dedicação extrema ao atletismo."

De volta ao Brasil e já com a carreira encerrada no atletismo, Chiamulera começou a desenvolver softwares para empresas. E dessa experiência enxergou que poderia crescer por conta própria. “Na época, não tinha muita noção de como gerenciar um negócio, mas soube identificar uma oportunidade e onde a tecnologia podia ser aplicada”, diz.

Segundo o empresário, as carreiras de atleta e empresário têm algumas semelhanças. Nas duas, é preciso aprender com os erros, olhar para frente e não desistir quando o resultado não é imediato.

"Machucava-me muito como atleta e levei 20 anos de carreira para fazer meu melhor tempo. Na empresa, só depois de dez anos comecei a ter sucesso, também a longo prazo", declara.

Chiamulera, que começou a carreira no atletismo aos 12 anos, ainda na escola, tirou muitas lições do esporte. Como empresário, ele aproveita principalmente o otimismo, a dedicação e a responsabilidade adquiridas nas competições.

“Como atleta, se você não conseguir bater o índice, não vai para a competição e não tem desculpa. Com a empresa é a mesma coisa, você tem de entregar o que prometeu, sem desculpas”, afirma.

Empresário agora derruba barreiras entre as pessoas

  • Divulgação

    Chiamulera na prova dos 400 metros com barreiras, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996

Pouco antes da consolidação no mercado, o empresário passou por momentos difíceis à frente do negócio. Em 2005, com o mercado de tecnologia aquecido, vários funcionários deixaram a empresa por salários maiores.

Com a debandada de profissionais, Chiamulera percebeu que tinha de mudar a filosofia da empresa para evitar novas perdas. Uma vez por semana, o empresário conversava com os funcionários novos e remanescentes sobre o que fazia sentido para eles e queriam na empresa.

Das conversas nasceu a UAH (Universidade da Assertividade Humana), programa em que os funcionários param suas atividades durante uma hora, uma vez por semana, para discutirem assuntos variados, como música, sexo, novelas etc.

“É a hora de desligar o profissional e ligar o pessoal. Não há perda de produtividade, o profissional volta mais animado para o trabalho e o resultado final é muito maior”, declara.

Segundo o empresário, depois da criação do programa, a rotatividade de profissionais nas áreas administrativa, financeira e de inteligência caiu para quase zero. “Isso gera confiança no time, que passa para o cliente. É muito mais sustentável a longo prazo.”