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Empresário aluga jogos de cassino e recria Las Vegas em eventos

O empresário André Schuartz teve a ideia do negócio enquanto trabalhava como crupiê em Las Vegas - Divulgação
O empresário André Schuartz teve a ideia do negócio enquanto trabalhava como crupiê em Las Vegas Imagem: Divulgação

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

05/02/2013 06h00

Enquanto trabalhava como crupiê (profissional que comanda e aplica regras dos jogos nos cassinos) em Las Vegas, nos Estados Unidos, o paulistano André Schuartz, 27, idealizava um negócio que parecia impossível: recriar o ambiente dos cassinos no Brasil, onde os jogos de azar são proibidos desde 1946.

A “ideia maluca”, como ele mesmo diz, transformou-se na Cassinera, empresa que aluga estrutura completa de jogos (mesas, fichas, cartas e crupiês) para eventos corporativos e particulares. Os jogos oferecidos são: pôquer, black Jack (ou 21), baccarat, roleta e craps (dados). Tudo dentro da lei, segundo o empresário, porque o lucro não vem dos jogos, mas da locação da estrutura.

As fichas dos jogos não têm valor e não podem ser trocadas por dinheiro ou bens materiais, como ocorre nos casinos. Além disso, não há pagamento de entradas ou apostas durante as partidas. O único pagamento é feito à empresa no momento da contratação do serviço.


Para fiscalizar a existência de apostas informais entre os participantes, um gerente fica responsável por fazer rondas no salão. No contrato de prestação de serviço, há uma cláusula que permite à empresa interromper as atividades caso seja descoberto algum tipo de negociação de valores.

“Se houver qualquer atitude que descumpra a lei, paralisamos todas as mesas e vamos embora sem a devolução do valor pago pelo contratante”, afirma Schuartz.

Hoje, 60% da receita do negócio vem de eventos corporativos, como confraternizações de funcionários ou lançamentos de produtos. Entre os clientes atendidos estão grande empresas, como Petrobrás, P&G, IBM, Microsoft, Tim e Vivo.

Primeiro negócio do empresário faliu

Antes de comandar a Cassinera, no entanto, o empresário já havia amargado o fracasso à frente de um negócio. Aos 18 anos, foi sócio da mãe em uma fábrica de vidros. Mas, segundo ele, por falta de planejamento, experiência e de pesquisa para saber se havia público para o seu produto, a empresa fechou as portas em menos de um ano.

Na tentativa de adquirir conhecimento para empreender novamente, Schuartz foi para os Estados Unidos cursar faculdade de administração. Por gostar de jogos e buscar uma renda extra enquanto estudava, o empresário iniciou um curso de crupiê.

Ao final do curso, foi contratado por uma agência terceirizada de crupiês. Em cada final de semana, o empreendedor trabalhava em um cassino diferente e foi aí que começou a adquirir “know-how” para o seu negócio. “Há mais cassinos em Las Vegas do que bancas de jornal em São Paulo. Nunca ficava sem trabalho”, diz.

Empresa enfrentou desconfiança no início

Quando voltou ao Brasil, após dois anos no exterior, o empresário precisou contratar uma assessoria jurídica para adequar o negócio à legislação brasileira. Com a ideia viabilizada, o desafio foi vencer a desconfiança do mercado.

“Alguns amigos diziam que eu poderia ser preso. Cheguei até a perder clientes por eles não terem a certeza de que tudo estava dentro da lei”, declara.

A estratégia para vencer a desconfiança, no início, foi oferecer o serviço gratuitamente em festas de amigos e conhecidos. O empresário levava uma mesa de black Jack e fazia o papel de crupiê. Mais tarde, passou a cobrar.

Mas o que alavancou o negócio foi firmar parcerias com hotéis e resorts para oferecer o serviço aos turistas durante a alta temporada. Outra parceria que deu credibilidade à empresa foi com a Copag, fabricante de cartas de baralho.

Modelo de negócio vai virar franquia

O momento atual vivido pela Cassinera é de expansão. Uma unidade piloto foi aberta em Florianópolis (SC) para a formatação do negócio para o modelo de franquias. A partir março, o empresário pretende começar a negociação com os primeiros franqueados.

Outra iniciativa de Schuartz é a Dealer Pro, escola para formação de crupiês. A ideia do negócio surgiu da dificuldade que o empreendedor tinha para encontrar mão de obra qualificada.

“Formamos profissionais para trabalhar conosco e para o mercado”, afirma. Apesar de não haver casinos no país, os crupiês são requisitados para trabalhar em cruzeiros, torneios internacionais de pôquer e no exterior.