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Mercado chinês também quer roupas caras e de qualidade

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

11/04/2013 06h00

Conhecido pelos produtos de baixo custo e, às vezes, de qualidade duvidosa, o mercado chinês não vive apenas de pechinchas. Há também uma fatia de pessoas que gostam de produtos diferenciados e de maior valor.

Foi mirando nesse público que a estilista mineira Cecília Prado, 30, conseguiu clientes na China. Hoje, 8% das 4.000 peças produzidas –entre vestidos, blusas, jaquetas e biquínis– mensalmente vão para o país asiático. Um vestido da grife lá custa, em média, US$ 500 (cerca de R$ 1.000).

Segundo o presidente da Abest (Associação Brasileira dos Estilistas), Valdemar Iódice, para ter aceitação desse público com mais dinheiro, o estilista precisa criar uma coleção com DNA próprio, qualidade, design e preço adequado ao mercado local.

Antes de pensar em exportar, no entanto, o empreendedor deve atuar por dois anos, no mínimo, no mercado interno. "Com essa experiência, ele começa a entender melhor o setor e pode começar a investir na exportação.”

A Abest oferece treinamento para associados que queiram exportar e também auxilia na participação de estilistas em feiras de negócios internacionais.

Para quem não é associado, há outros caminhos para exportar. A Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) também oferece treinamentos, participação em feiras e rodadas de negócios para estilistas e empresários de todas as áreas que queiram vender para o exterior.

A maioria dos programas é gratuita. Quando é necessário viajar, o empresário arca com custos de transporte e hospedagem, mas não com as despesas da participação no evento.

Para ter acesso aos programas é preciso entrar em contato com a Apex-Brasil pelo site. A agência verifica o grau de maturidade da empresa e a direciona para o programa mais adequado.

De acordo com o coordenador do Projeto de Extensão Industrial Exportadora da Apex-Brasil, Tiago Terra, pequenas empresas, geralmente, são encaminhadas para o treinamento antes de participarem de feiras e rodadas de negócios.

A Agência também oferece uma consultoria para as empresas que desejam exportar. "O consultor vai até a companhia para dar treinamento sobre fluxo de caixa, formação de preço no mercado externo, melhorias na produção e outros trâmites para tornar a empresa mais competitiva", diz Terra.

Uma empresa de confecções, por exemplo, antes de exportar tem de produzir moda, explica o coordenador. "Só esta mudança já a deixa mais profissional e competitiva. Não é só a linha que ela utiliza que tem valor, mas também as cores, o design e o trabalho do artista que criou a peça”, diz.