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Por falta de opção para gordinha, empresária abre loja de lingerie sexy GG

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

24/04/2013 06h00

A dificuldade em encontrar lingerie sexy e que vestisse bem seu corpo 16 quilos acima do peso ideal foi o que motivou Andrea Vasques, 42, a empreender.

Mesmo com as medidas fora dos padrões da moda, a administradora de empresas, que vive em Brasília (DF), queria surpreender o marido e se sentir bem, mas não encontrava opções de peças atraentes para o seu tamanho.

Há dois anos, ela encontrou um fabricante de lingeries que produz peças de tamanho grande e que seguem a moda. Ela passou a revender os produtos em feirinhas do Distrito Federal e, em novembro do ano passado, adquiriu um ponto comercial que já estava montado e inaugurou a loja Andrea Vasques Moda Plus Size.

“No começo, foi difícil convencer as clientes que elas poderiam se sentir sexy, usar lingerie com renda, com estampa de oncinha, espartilhos. Tive de começar a vender peças básicas, nas cores bege, branca e preta. Depois de ver essas opções, elas experimentavam outras mais elaboradas e passavam a comprá-las”, conta a empreendedora.

Além de lingeries, ela agora vende roupas e moda praia, que inclui biquínis, maiôs e saídas de praia. Os tamanhos vão do 42 ao 64. Para conquistar e manter a clientela, ela faz ajustes quando necessário e vende peças avulsas, separadas do conjunto.

“Às vezes, uma cliente veste 56 no quadril e 52 no busto. Temos que oferecer produtos para as necessidades delas.”

Assim como as lingeries, as demais peças da loja querem fugir do básico em roupas para gordinhas. “Desde o início eu não quis vender legging e camisetona. Quero usar meu espaço para vender roupas fashion e de bom gosto”, declara.

Vasques conta que, apesar disso, a maioria das clientes chega na loja querendo o pretinho básico, que afina a silhueta. Só na segunda compra é que elas estão mais abertas para tentar novas cores, diz a empresária.

A loja vende mais de 300 peças por mês e tem mais de 2.000 clientes cadastradas. Os preços vão de R$ 19,90 para calcinhas a R$ 498 para vestidos de festa. Vasques diz que pelas poucas opções em tamanho grande que existem no mercado, as clientes estão acostumadas a pagar mais quando encontram produtos da moda.

Consultor dá dicas para quem quer entrar no mercado

Tadeu Bastos Gonçalves, da São Judas consultores, especializado em gestão de empresas de confecção, diz que, em geral, as peças de tamanho grande custam de 20% a 30% a mais que os tamanhos tradicionais.

“Tamanhos maiores consomem mais materiais – tecido, renda, aviamentos. Se tiver aplicação, tem que ser maior, proporcional ao tamanho. Isso aumenta o custo. Um estilista especializado neste tipo de roupa pode ajudar a melhorar o aproveitamento dos materiais, criando recortes diferentes, por exemplo”, declara.

Segundo o consultor, algumas confecções resolvem apostar no mercado GG, mas não se especializam e acabam fabricando peças com as medidas erradas, que ficam desconfortáveis e com o mau caimento no corpo. Por isso, é importante ter modelos para provar as peças.

“Algumas confecções têm, inclusive, contrato com modelos gordinhas para fazer as provas”, conta.

Ele diz que as confecções trabalham com uma tabela de corpo com medidas básicas, que vão, geralmente, do tamanho 36 ao 48. As roupas são graduadas em alguns pontos do corpo, como cintura e comprimento, e vão crescendo proporcionalmente. No entanto, para produzir tamanhos maiores, as medidas não são as mesmas.

“As pessoas mais gordas geralmente têm a cintura maior. Do tamanho 46 para frente, as medidas não são proporcionais. A falta de técnica na construção da roupa fica clara em bermudas de tecido leve, em que o pano começa a subir na parte de dentro da perna com o caminhar e em camisetas que vestem bem nos ombros, mas ficam apertadas na barriga”, diz.

Para conquistar esse público, de acordo com Gonçalves, é necessário oferecer roupas da moda, confortáveis e de qualidade. “Conheça seu público. Atendendo às suas necessidades, é possível se tornar uma marca desejada e conhecida.”

O investimento inicial para uma confecção varia de acordo com o tipo de máquina de costura. Se for uma moderna, automatizada, o valor ultrapassa os R$ 100 mil, diz o consultor, e é possível produzir 100 mil peças de roupa íntima por mês.

Para uma máquina de costura mais simples, o investimento é de cerca de R$ 30 mil, sem contar a mão de obra da costureira. O capital inicial necessário é menor, mas a produção também -cerca de 5.000 peças íntimas por mês.

O capital de giro recomendado, segundo o consultor, é sempre, no mínimo o dobro do valor do investimento inicial.