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Prêmio Nobel quer ver histórias de empreendedores do Bolsa Família na TV

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

27/05/2013 16h17

O Prêmio Nobel da Paz de 2006, o economista bengalês Muhammad Yunus, disse, nesta segunda-feira, que o governo federal e a imprensa brasileira deveriam divulgar as histórias de empreendedores que utilizam os recursos do Bolsa Família para investir em um negócio próprio.

Segundo ele, o Bolsa Família é importante para combater a pobreza, mas o governo precisa criar mecanismos para não deixar os beneficiários dependentes. Para Yunus, o caminho não é acabar com o Bolsa Família, mas criar programas em que as pessoas possam gerar renda e saírem por conta própria do benefício.

“Essas pessoas têm de sair da pobreza sem depender do governo. Por que não divulgar na televisão, por exemplo, alguns casos de pessoas tentam criar negócios sociais? Mesmo que nem todos consigam empreender, outras pessoas vão ver e se inspirar nessas histórias”, disse.
 
O economista esteve em São Paulo (SP) para inaugurar o Yunus Social Business Centre, centro de negócios sociais em parceria com a universidade ESPM. As atividades do centro começam em agosto de 2013. O espaço atuará como incubadora de negócios, canal de pesquisas e oferecerá cursos de extensão.
 
Durante o evento, Yunus também afirmou que os grandes bancos deveriam criar divisões independentes com cultura e filosofia próprias para aumentar a oferta de microcrédito no Brasil.
 
"Com a administração do microcrédito separada, ficaria mais fácil manter o controle. A oferta seria maior e as pessoas teriam mais confiança em pedir empréstimos."
 

Bengalês é considerado "pai" do microcrédito

Muhammad Yunus é o criador do microcrédito no mundo. Em 1976, começou a emprestar pequenas quantias de dinheiro do próprio bolso para mulheres de aldeias pobres de Bangladesh trabalharem por conta própria.

Superando as expectativas, recebeu de volta todo o dinheiro emprestado. Foi quando viu que poderia expandir a ideia e criar uma instituição financeira que concedesse empréstimos aos pobres rejeitados pelos bancos tradicionais. Nascia assim o Grameen Bank, principal banco credor de microcréditos para pessoas de baixa renda.

Hoje, segundo Yunus, o Grameen Bank atende cerca de 40 milhões de pessoas só em Bangladesh. 97% dos clientes são mulheres e o índice de inadimplência é inferior a 1%.