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Projetos para popularizar vinho nacional para a Copa não saem do papel

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

29/04/2014 06h00

A indústria brasileira tinha uma série de projetos para tentar popularizar o vinho nacional durante a Copa do Mundo de 2014. A menos de dois meses do início do mundial, no entanto, praticamente nada saiu do papel.

A ideia do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) era que as grandes capitais do país recebessem, neste ano, lojas-conceito com a marca "Vinhos do Brasil". Nelas, os consumidores poderiam encontrar produtos de várias marcas nacionais.

Esse projeto, divulgado em abril do ano passado pelo Ibravin, não deu certo, segundo o diretor-executivo do instituto, Carlos Raimundo Paviani. "Tivemos dificuldades para convencer as vinícolas a participar", afirma.

O problema foi que a quantidade de empresas que se interessaram pelo projeto não foi suficiente para viabilizá-lo financeiramente. Apesar disso, a ideia não foi totalmente descartada e poderá ser retomada em outro momento.

Capacitação de profissionais começará só agora

Outra expectativa que o Ibravin cultivava desde o ano passado era a de promover a capacitação de profissionais de bares, restaurantes, hotéis e supermercados para que eles passassem a oferecer vinho brasileiro aos clientes.

Esse projeto, porém, só saiu do papel neste ano. Na última terça-feira (22), o instituto assinou um convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), durante o 18º São Internacional do Vinho - ExpoVinis.

Além do atraso, que deve fazer com que o resultado não seja percebido até a Copa do Mundo, o projeto foi reduzido: o número de profissionais que serão capacitados passou dos 3.000 pensados em 2013 para 1.000 agora.

Apesar dos problemas com os projetos antigos, o instituto permanece com a ideia de tentar associar o vinho a temas mais leves, como festa e descontração, como acontece com a cerveja.

Para isso, Paviani diz que o Ibravin tem promovido outras ações. "Estamos fazendo uma forte divulgação do vinho nacional em 200 supermercados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais."

Em maio, o instituto também participa do Brasil Sabor, festival de gastronomia realizado pela Abrasel. Os restaurantes participantes terão de oferecer pelo menos três rótulos de vinhos brasileiros em seus cardápios.

Indústria não faz vinho para brasileiro beber, diz especialista

Para a especialista Alexandra Corvo, proprietária do Ciclo das Vinhas - Escola do Vinho, a dificuldade de popularização do vinho nacional está no fato de que a indústria não tem se preocupado em produzir vinho para brasileiros.

"Elas se preocupam em fazer vinho para participar de concurso, para ganhar prêmio, mas não se preocupam em fazer um vinho de R$ 25", diz. "A imagem do vinho brasileiro é antipática. Grandes vinícolas têm boa imagem, mas os produtos delas não são os que a maioria das pessoas bebe. Há uma divulgação boa de vinhos que ninguém bebe."

Dados do Ibravin mostram que o setor vitivinícola brasileiro cresceu 9,8% em consumo em 2013. O grande responsável por esse crescimento, porém, não foi o vinho nem o espumante, mas o suco de uva. Considerando-se apenas os vinhos finos, o crescimento foi de 7%.