IPCA
0,83 Mai.2024
Topo

Dona da Claro analisa oferta conjunta com a Oi para comprar a TIM

Patricia Laya

Da Bloomberg

09/09/2014 15h48

9 de setembro (Bloomberg) – A América Móvil, companhia de telefonia celular controlada pelo bilionário Carlos Slim e dona da Claro, disse que pretende entrar em negociações para fazer uma oferta conjunta com a Oi SA pela unidade de telefonia celular da Telecom Italia no Brasil.

Ainda não há um acordo formal entre as empresas, disse o diretor financeiro da América Móvil, Carlos García-Moreno, ontem em entrevista por telefone. A proposta está sendo preparada pelo Banco BTG Pactual SA, contratado pela Oi no mês passado para atuar como veículo de aquisição de ações da unidade da Telecom Italia, a Tim Participações SA.

“A princípio, estamos interessados em conversar com a empresa para entender melhor a oferta e explorar a oportunidade”, disse García-Moreno. “Em termos de financiamento, acho que não será um problema. Supondo que haja uma aquisição, teríamos que ver o tamanho e, provavelmente, teríamos que contrair algumas dívidas”.

Uma aquisição possibilitaria que a América Móvil e a Oi ganhem participação no mercado do Brasil ao dividir entre elas os ativos da segunda maior operadora de telefonia celular do país. A Oi também vem tentando somar a Telefônica SA, a maior empresa de telefonia celular do Brasil, para fazer uma oferta conjunta pela Tim, disseram fontes do setor no mês passado. García-Moreno não quis dizer se outra empresa estava envolvida nas negociações.

“Eu acho que eles falaram sobre a possibilidade de se unirem a outras operadoras, e, a princípio, estamos dispostos a explorar essa oportunidade”, disse ele.

Um assessor de imprensa da Oi não respondeu a pedidos de comentários. Assessores de imprensa da Tim e da Telecom Italia não quiseram comentar sobre a potencial oferta da Oi e da América Móvil. Um porta-voz da Telefônica não fez comentários.

Oportunidades de crescimento

A Telecom Italia disse que, mais do que um comprador para a Tim, está buscando oportunidades de crescimento no Brasil. A empresa com sede em Milão ainda poderia utilizar a unidade como veículo de aquisição de outras empresas no país, disse uma fonte do setor no mês passado, que pediu para não ser identificada porque as deliberações são confidenciais.

Contudo, a carga da dívida da operadora italiana já fez com que ela vendesse ativos e descartasse seu dividendo. A nota de crédito da Telecom Italia foi reduzida para junk pela Standard Poor’s e pelo Moody’s Investores Service no ano passado, e a dívida líquida da empresa, de cerca de 27,4 bilhões de euros (US$ 35,3 bilhões) no final de junho, supera seu valor de mercado.

A América Móvil está dependendo mais do Brasil, seu segundo maior mercado, para crescer. A economia em desaceleração e um maior escrutínio regulatório estão afetando seus lucros no México, sua maior divisão. Os legisladores mexicanos forçaram a América Móvil a reduzir taxas e compartilhar a infraestrutura de redes que lhe conferiu uma vantagem competitiva durante mais de duas décadas.

Contudo, o crescimento está desacelerando no Brasil, onde já há mais linhas de telefonia celular do que pessoas, e a economia caiu em recessão pela primeira vez em mais de cinco anos. As assinaturas de telefonia celular aumentaram 3,4% em julho frente ao ano anterior, em comparação com um crescimento de 4,1% em julho de 2013, segundo dados do governo.

O valor de mercado da Tim é R$ 32,1 bilhões (US$ 14,2 bilhões), com base no preço do encerramento de ontem.

Veículo especial

Em agosto, a Oi, com sede no Rio de Janeiro, disse que tinha contratado o BTG para atuar como veículo de propósito especial capaz de adquirir ativos em seu nome, “com o propósito de habilitar uma proposta viável para a aquisição de ações da Tim”.

Um acordo semelhante talvez seja vigiado de perto pelos reguladores brasileiros, disse Valeria Romo, analista do Banco Monex SA na Cidade do México, já que isso reduziria o número de grandes concorrentes no mercado, de quatro para três.

O ministro das Comunicações do Brasil, Paulo Bernardo, disse aos jornalistas em São Paulo no mês passado que a consolidação não é boa para os consumidores, que se beneficiam com ter mais empresas entre as quais escolher.