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Advogado que processa Petrobras diz que balanço piora imagem da estatal

Do UOL, em São Paulo

28/01/2015 15h03

O advogado André de Almeida, que faz parte do processo que está sendo movido contra a Petrobras nos Estados Unidos, divulgou uma nota nesta quarta-feira (28), comentando que o balanço não auditado publicado pela estatal "acaba por abalar ainda mais a já deteriorada imagem" da empresa.

No balanço, a empresa deixou de contabilizar perdas de R$ 88,6 bilhões, segundo a “Folha de S.Paulo”. Esses valores teriam sido incorporados como investimentos entre 2004 e 2012. Segundo as investigações da Operação Lava Jato, no entanto, eles se referem a propinas e contratos superfaturados.

No terceiro trimestre do ano passado, a empresa registrou lucro de R$ 3,1 bilhões, o que representa uma queda de 38% em comparação com o segundo trimestre.

Para André de Almeida, que é sócio da Almeida Advogados, a empresa demonstrou que a gestão da Petrobras provavelmente não consegue dimensionar o tamanho do rombo causado pelos negócios superfaturados.

Uma outra hipótese levantada pelo advogado é que a direção da empresa tenha medo de que existam outras perdas ainda não reveladas pelas investigações.

André de Almeida  trabalha em conjunto com o escritório Wolf Popper, dos EUA, em uma ação coletiva contra a Petrobras. Acionistas que tiverem recibos de ações (ADRs) da Petrobras na Bolsa americana e quiserem se juntar à ação devem entrar em contato com a Almeida Advogados pelo site: http://www.almeidalaw.com.br/.

Leia a íntegra da nota divulgada por Almeida:

“A Petrobras, orgulho nacional e de todos os brasileiros, foi incapaz de produzir um balancete trimestral (referente ao período de julho a setembro de 2014) refletindo sua realidade econômica. Ao que se tem em conta pelas declarações públicas e oficiais de seus gestores, a Petrobras não nega que vários de seus negócios foram superfaturados e que deverão ser expurgados de suas demonstrações contábeis. Infelizmente, contudo, a Petrobras não foi capaz de expurgar as perdas dos negócios superfaturados de seu balancete, nem mesmo fazendo uso de ressalvas e outras metodologias contábeis aceitas.

São duas as conclusões que se tira. A primeira é que os gestores da Petrobras não sabem o valor do rombo econômico que os negócios superfaturados já lhe causaram, ou que temem existir outras perdas ainda não reveladas. Tal dúvida de gestão acaba por abalar ainda mais a já deteriorada imagem da mais admirada companhia nacional.

A segunda conclusão que se tira é mais séria. Na Class Action que os acionistas da Petrobras movem perante o Poder Judiciário dos EUA, se discute que as perdas de valor das ações (ADRs) negociadas na Bolsa de Nova York foram das duas uma: ou infladas a partir de resultados e projeções econômicas fictícias, ou deterioradas a partir dos diversos atos de má governança corporativa da empresa. Ao deixar de inserir em seu balancete trimestral o valor das perdas, já admitidas pelos seus gestores, a Petrobras segue no artifício de divulgar para seus acionistas e credores realidade paralela à real, praticamente confessando que a divulgação de números não fidedignos é prática admissível na companhia.

Os gestores da Petrobras não saberem o tamanho das perdas econômicas já é bastante grave. Não admitir que tais incontestáveis perdas existem em seu balancete é ainda pior, pois seguem na tática de divulgar números imprecisos, deixando os acionistas e credores da Petrobras no escuro.”