Economia encolhe 0,2% no trimestre e 1,6% em um ano; só agropecuária cresce
A economia brasileira encolheu 0,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao último trimestre do ano passado, e 1,6% em relação aos três primeiros meses de 2014, segundo os dados do PIB (Produto Interno Bruto). O resultado só não foi pior graças à agropecuária (leia mais abaixo).
O PIB é a soma de tudo o que é produzido no país, e foi divulgado nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados consideram a metodologia atualizada do cálculo.
Economistas consultados pela agência de notícias Reuters esperavam que a economia tivesse encolhido 0,5% em relação ao quarto trimestre do ano passado, e registrado queda de 1,8% em relação ao primeiro trimestre de 2014.
Em 2014, a economia do Brasil tinha registrado leve alta de 0,1%.
No acumulado de 12 meses, o PIB registrou queda de 0,9% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Em valores correntes, o PIB no primeiro trimestre de 2015 alcançou R$ 1,408 trilhão.
Só agropecuária cresce; destaque para soja
Dos três setores econômicos avaliados, apenas a agropecuária registrou crescimento: de 4,7% em relação ao trimestre anterior, e de 4% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Essa alta foi puxada pelo bom desempenho de alguns produtos da lavoura que têm safra relevante no primeiro trimestre, como soja (10,6%), arroz (0,7%), mandioca (5,1%) e fumo (1,7%).
Por outro lado, o milho, cuja safra também é significativa no primeiro trimestre, teve queda de 3,1%.
Indústria tomba com montadoras em baixa e falta de água
A indústria e os serviços encolheram. A indústria contraiu-se 0,3% em relação ao quarto trimestre de 2014, e 3% em relação aos três primeiros meses do ano passado.
A indústria de transformação caiu 7%, puxada pela indústria automotiva; máquinas e equipamentos; produtos eletrônicos e equipamentos de informática; artigos de vestuário; e produtos ligados ao fumo.
A atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana registrou queda de 12%, influenciada pelo maior uso das termelétricas na geração de energia (por causa da seca, que afeta as hidrelétricas) e também pela redução do fornecimento e consumo de água.
A construção civil também apresentou redução de 2,9%.
Já a indústria de extração mineral cresceu 12,8% em relação ao primeiro trimestre de 2014, puxada pelo aumento da extração de petróleo, gás natural e minérios ferrosos.
Serviços encolhem, com queda do comércio
O setor de serviços encolheu 0,7% em comparação com o último trimestre de 2014, e 1,2% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Na comparação com o mesmo período de 2014, o destaque negativo foi a contração de 6% do comércio (atacadista e varejista) e de 3,6% de transporte, armazenagem e correio (que engloba carga e passageiros).
Estimativas para o ano
Até o fim do ano, o governo espera que o PIB encolha 1,2%, de acordo com a previsão do Ministério do Planejamento.
Por sua vez, analistas de mercado consultados pelo Banco Central para o boletim Focus esperam queda de 1,2%. O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê resultado negativo em 1%.
Em janeiro deste ano, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a economia brasileira poderia registrar um trimestre de recessão em 2015, mas que isso não teria grandes consequências.
Ajustes econômicos
O governo federal está adotando um pacote de medidas para aumentar a arrecadação e diminuir os gastos do governo, para ajustar as contas públicas. Entre as medidas já anunciadas estão:
- tornar mais difícil o acesso a benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego e o abono salarial (proposta foi aprovada pelo Senado);
- limitar o acesso a benefícios previdenciários, como o pagamento da pensão por morte (também já aprovada na Câmara e no Senado);
- aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre as operações de crédito ao consumidor de 1,5% para 3% (medida em vigor desde janeiro);
- aumento de taxas sobre combustíveis: a elevação do Pis/Cofins e a retomada da Cide aumentaram o preço da gasolina em R$ 0,22 e o do diesel em R$ 0,15 (em vigor desde o final de janeiro);
- fim da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros (desde janeiro);
- veto à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda (em março deste ano);
- ajuste da alíquota do PIS/Cofins sobre a importação, de 9,25% para 11,75%;
- atacadistas do setor de cosméticos passam a pagar IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) igual aos industriais;
- reduzir o corte de tributos sobre a folha de pagamentos (medida publicada em fevereiro).
(Com agências de notícias)
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