Premiê grego luta até com próprio partido para aprovar acordo no Parlamento
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, luta para aprovar no Parlamento um pacote de medidas definido com países europeus em troca de um terceiro resgate financeiro que ajudará a manter a Grécia na zona do euro. A votação deve acontecer na noite desta quarta-feira (15).
Em troca da ajuda financeira, o governo grego aceitou ceder grande parte de sua soberania à supervisão externa e aumentar o arrocho: mais cortes de gastos, aumentos de impostos, mudanças nas aposentadorias e privatizações. Deve ser criado, ainda, um fundo de 50 bilhões de euros controlado pela União Europeia, que servirá para amortizar a dívida.
O premiê encontra oposição dentro do próprio partido, o Syriza. Mais da metade dos membros do comitê central do partido pediram ao governo que rejeite o acordo por considerá-lo incompatível com os princípios da esquerda, e que não resolve os problemas do país.
A ministra adjunta de Finanças, Nadia Valavani, apresentou sua renúncia, assim como o secretário-geral de Seguridade Social, Yorgos Romaniás, e o secretário-geral de Economia, Manos Manusakis.
Em reunião antes da votação, Tsipras disse aos partidários que será difícil continuar no cargo se não tiver o apoio deles. "Sou um primeiro-ministro porque tenho um grupo parlamentar que me apoia.
Votação
Dezenas de parlamentares, incluindo membros de destaque do Syriza e do partido minoritário da coalizão governista, podem rejeitar o resgate parcial ou totalmente, forçando Tsipras a depender de parlamentares pró-Europa da oposição para vencer a votação.
Somente após essas aprovações é que a Grécia e os países europeus voltarão a se sentar à mesa para discutir o novo resgate.
O primeiro-ministro Alexis Tsipras reconheceu que o acordo com os credores para um terceiro plano de ajuda financeira é um texto em que ele não acreditava, mas que o assinou a fim de "evitar um desastre para o país".
"Assumo mais responsabilidades por qualquer erro que eu possa ter cometido. Assumo minha responsabilidade pelo texto em que eu não acredito, mas que assinei para evitar um desastre para o país", declarou Tsipras em entrevista à TV pública grega ERT na terça.
Empréstimo de emergência
A Comissão Europeia propôs conceder um empréstimo-ponte de 7 bilhões de euros à Grécia para cobrir as necessidades de financiamento do país em julho, usando o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (EFSM, na sigla em inglês), de acordo com documentos.
O EFSM é um fundo da União Europeia, com orçamento da UE e, portanto, desembolsos dele precisam da aprovação de todos os 28 países do bloco, e não apenas dos 19 países da zona do euro.
Segundo a proposta da Comissão, a Grécia receberá os 7 bilhões de uma vez, permitindo ao país pagar seus bônus detidos pelo Banco Central Europeu na segunda-feira e suas obrigações vencidas ao Fundo Monetário Internacional.
Terceiro pacote de resgate
O novo pacote de empréstimos deve girar entre € 82 bilhões e € 86 bilhões ao longo de três anos e permitir que o país continue na zona do euro. Também foi decidido que o FMI (Fundo Monetário Internacional) irá participar desse resgate, ao contrário do que a Grécia desejava.
Deve levar cerca de quatro semanas para que o terceiro resgate para a Grécia seja negociado, disseram na segunda-feira (13) autoridades da zona do euro, após reunião de ministros das Finanças.
O país já foi beneficiado por programas de ajuda em 2010 e 2012.
(Com agências de notícias)
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