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Grécia fica em choque com bancos fechados após convocação de referendo

Michele Kambas e Lefteris Papadimas

29/06/2015 15h19

ATENAS (Reuters) - Os gregos depararam-se nesta segunda-feira com bancos fechados, longas filas em supermercados e grandes incertezas depois que o colapso nas conversas entre Atenas e seus credores aprofundou ainda mais a crise do país.

O resgate da Grécia vence em 30 de junho e o país tem de fazer um pagamento ao Fundo Monetário Internacional na mesma data. O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, pediu em vão por telefone a autoridades europeias que estendam o programa até o referendo sobre os termos futuros do resgate, em 5 de julho.

Os frenéticos esforços para garantir o lugar da Grécia dentro da zona do euro vêm após um fim de semana dramático. A decisão de Tsipras, no sábado, de levar o pacote de auxílio financeiro a voto popular pegou os credores de surpresa e levou os gregos a correrem para caixas eletrônicos.

O evento também deixou a Grécia mais perto de dar o calote no pagamento de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na terça-feira, dando força à perspectiva de que o país pode sair da zona do euro. Uma autoridade grega confirmou à Reuters que o pagamento não será feito.

Os gregos --acostumados a ver negociações arrastadas com credores que geralmente resultam em um acordo de última hora-- ficaram chocados com a virada de eventos. Filas se formaram em frente a caixas eletrônicos e dentro de supermercados, enquanto cresciam os temores de falta de combustível e remédios.

Produtores de remédios disseram que continuarão a enviar medicamentos para a Grécia nas próximas semanas apesar das contas não pagas, mas alertaram que o fornecimento pode em breve ter problemas sem uma ação de emergência.

O colapso das negociações levou a União Europeia e a zona do euro a águas nunca antes navegadas. A bolsa de valores de Atenas ficou fechada, bem como os bancos, mas outros mercados acionários recuaram por temores de que a Grécia pode estar caminhado para sair do euro.

"Não posso acreditar", disse a moradora de Atenas Evgenia Gekou, de 50 anos, em seu caminho para o trabalho. "Continuo achando que vamos acordar amanhã e tudo estará bem. Estou tentando muito não me preocupar".

Após meses de brigas, os parceiros europeus da Grécia colocaram a culpa pela crise em Tsipras por rejeitar um pacote que eles consideraram generoso. O lado grego argumenta que os cortes de aposentadorias e as altas de impostos exigidos só aprofundariam uma das piores crises econômicas da era moderna em um país onde um quarto da força de trabalho já está desempregada.

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