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Empresários da navegação criticam falta de estudo sobre mudanças climáticas

Rodovia BR-364 (RO-AC), que ficou interditada com cheia do rio Madeira - Gleilson Miranda/Secom
Rodovia BR-364 (RO-AC), que ficou interditada com cheia do rio Madeira Imagem: Gleilson Miranda/Secom

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

11/08/2015 17h24

Seis anos após o lançamento do Plano Nacional Sobre Mudança Climática, em dezembro de 2008, o governo federal ainda não fez um estudo sobre os impactos que as mudanças climáticas podem ter sobre o transporte hidroviário. A ausência de estudos é alvo de reclamações de empresários do setor.

Segundo o governo, uma das principais funções do Plano Nacional Sobre Mudança Climática era identificar os impactos resultantes das mudanças climáticas.

Entretanto, seis anos depois, o Ministério do Meio Ambiente, a ANA (Agência Nacional de Águas) e a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) não realizaram estudos sobre o impacto das alterações climáticas no transporte hidroviário.

Procurados pelo UOL, os três órgãos confirmaram que não fizeram estudos específicos sobre essa questão.

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  • O MMA informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que um plano nacional de adaptação às mudanças climáticas está prestes a ser lançado pelo governo, mas não informou se há dados específicos sobre medidas a serem adotadas pelo setor de transporte fluvial.

    A Antaq, também por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não há estudos específicos sobre o tema realizados pelo órgão. O órgão informou que há um estudo sobre os impactos das mudanças climáticas na zona costeira do Brasil, mas ele não trata da navegação fluvial.

    A ANA também, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que não há estudos do órgão sobre o tema.

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    Para o diretor-executivo da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação), Paulo Leismann, a falta de estudos sobre o tema é um dos elementos que traz ainda mais insegurança para os investidores.

    “Até agora, não recebemos nenhum estudo sobre como as mudanças climáticas podem nos afetar. Acho que o governo deveria se interessar porque as hidrovias são muito importantes para o país”, afirmou.

    O pesquisador sênior e co-fundador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), Beto Veríssimo, diz que é preciso estudar o fenômeno não apenas com o foco no transporte fluvial.

    “As mudanças climáticas vão afetar o setor se transportes como um todo, não apenas as hidrovias. Rodovias poderão perto de rios poderão ficar inundadas como aconteceu com a rodovia que liga Rondônia ao Acre no ano passado”, disse referindo-se aos dois meses em que o Estado do Acre ficou isolado por via terrestre em 2014.