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Comandante do Exército é 4º militar a pedir que Previdência deles não mude

O general Edson Leal Pujol é empossado como novo comandante do Exército - Valter Campanato/Agência Brasil
O general Edson Leal Pujol é empossado como novo comandante do Exército Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

11/01/2019 13h27

Empossado nesta sexta-feira (11) como o novo comandante do Exército, o general Edson Leal Pujol defendeu que os militares fiquem de fora da reforma da Previdência. As novas regras para a aposentadoria devem ser apresentadas nas próximas semanas pela equipe econômica do governo Jair Bolsonaro (PSL). Autoridades militares têm sistematicamente pedido que a categoria fique fora. É a quarta vez que acontece isso em público nesta semana.

"A nossa intenção, minha, como comandante do Exército, se me perguntarem, claro: nós não devemos modificar o nosso sistema", disse o militar, ao ser questionado em entrevista coletiva sobre sua opinião sobre a reforma. 

"Nós temos uma diferença muito grande de qualquer outro servidor público ou servidor privado. Nós não temos hora extra, nós não temos adicional noturno, nós não podemos nos sindicalizar. Tem uma série de diferenças e de coisas que devem ser tratadas de forma diferente", afirmou Pujol.

O comandante, que substituiu o general Eduardo Villas Bôas, disse que há uma "confusão muito grande" sobre o tema, destacando que o Exército e as outras Forças Armadas não fazem parte do sistema da Previdência Social. 

Militares fazem pressão grande

Os militares têm feito grande pressão em público contra a inclusão da categoria na reforma da Previdência. Só na quarta-feira (9), três ocupantes de postos de comando (dois ministros e o comandante da Marinha) defenderam isso. O comandante da Marinha também falou logo ao tomar posse, da mesma forma que o comandante do Exército nesta sexta.

A pressão é tanta, que alguns assessores do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, dizem, contrariados, que a tendência é os militares ficarem de fora mesmo. O problema é que estão se manifestando publicamente e o presidente Jair Bolsonaro não critica isso.

Rombo cresce

Retirar os militares da reforma, porém, vai contra o diagnóstico de especialistas consultados pelo UOL. Segundo dados do Tesouro Nacional, o rombo previdenciário dos militares cresce em ritmo mais acelerado do que o dos servidores civis.

"Cota de sacrifício"

Ao ser indagado sobre o movimento da equipe de Bolsonaro para convencer militares a contribuírem com "alguma cota de sacrifício", Pujol disse não ter sido informado a respeito dessa intenção. Apesar de ser contrário a mudanças, ele afirmou que os militares são "disciplinados". "Obedecemos as leis e a Constituição. Então se houver uma decisão do Estado brasileiro, da sociedade brasileira, de mudança, nós iremos cumprir", disse o general.

Questão segue em estudo, diz Onyx

Questionado sobre a inclusão dos militares na reforma da Previdência, o ministro Onyx Lorenzoni afirmou que a possibilidade continua em estudo. Ele informou que discutirá o tema junto ao ministro da Economia, Paulo Guedes, na próxima semana para, então, apresentarem uma proposta mais sólida a Bolsonaro.

"Bom, isso [inclusão de militares] está sendo estudado pelo ministro Paulo Guedes, que é quem coordena os grupos que tratam das questões que envolvem a futura reforma da Previdência que vamos apresentar", disse.

Em entrevista à TV Globo, Onyx afirmou a reforma não sacrificará as diferentes categorias envolvidas no sistema de aposentadoria brasileiro. 

"Estamos falando de uma reforma onde não se sacrifique ninguém, onde a gente salve o sistema previdenciário brasileiro, seja possível o reequilíbrio fiscal do Brasil", declarou à emissora, após solenidade de transmissão do comando do Exército.

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