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Putin diz que bloqueará gás a países 'hostis' que não pagarem em rublo

Tubos de linhas de gás em Open Grid Europe, uma das maiores operadoras de sistemas de transmissão de gás da Europa, em Werne, oeste da Alemanha - INA FASSBENDER/AFP
Tubos de linhas de gás em Open Grid Europe, uma das maiores operadoras de sistemas de transmissão de gás da Europa, em Werne, oeste da Alemanha Imagem: INA FASSBENDER/AFP

Do UOL, em São Paulo

31/03/2022 12h42Atualizada em 31/03/2022 12h45

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou hoje um decreto que regulamenta o comércio de gás natural com países considerados "hostis", como os Estados Unidos e todos os membros da União Europeia.

Segundo o governo russo, o texto entra em vigor a partir de amanhã (1º) e determina que empresas ocidentais abram contas correntes em rublos, em bancos russos, para comprar o gás do país.

"Se tais pagamentos não forem feitos, vamos considerar inadimplência por parte dos compradores, com todas as consequências decorrentes", afirmou Putin.

Ninguém nos vende nada de graça, e nós tampouco faremos obras de caridade. Isso significa que os contratos existentes, no caso de falta de pagamento em rublos, serão interrompidos.
Presidente da Rússia, Vladimir Putin

Apenas um dia antes, Putin afirmou ao premiê da Itália, Mario Draghi, que os acordos existentes seriam respeitados. A Rússia fornece cerca de um terço do gás da Europa.

A medida é uma forma de retaliação contra os países que impuseram sanções econômicas contra a Rússia --cerca de US$ 300 bilhões foram bloqueados em reservas da Rússia no exterior --, e é também uma tentativa de fortalecer o rublo em um cenário de profunda crise financeira.

A decisão de impor pagamentos em rublos impulsionou a moeda russa, que chegou a cair para mínimas históricas após a invasão de 24 de fevereiro, mas desde então se recuperou.

Estados Unidos e Reino Unido já anunciaram um embargo às importações de petróleo e gás russos, porém a União Europeia é mais dependente de Moscou no plano energético.

Países do bloco trabalham para reduzir essa dependência, mas esse é um objetivo de médio e longo prazo --a Itália, por exemplo, projeta um período de até 30 meses para se tornar independente do gás da Rússia.

Na semana passada, a União Europeia já fechou um acordo para aumentar as importações de gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos. "Os EUA querem resolver seus próprios problemas às custas dos outros. Tentam fazer a Europa comprar o gás americano, que é mais caro", declarou Putin.

Países do Ocidente reagem à decisão russa

Após o anúncio do presidente russo, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, disse que as empresas do país continuarão honrando seus contratos em euros.

"Olhamos os contratos, e está escrito que o pagamento é em euros. Eu esclareci no telefonema [com Putin] que vai continuar assim", disse o chefe de governo alemão, que conversou com Putin ontem.

Já o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, garantiu que o país "não vai aceitar de maneira nenhuma pagar pelo gás em outras moedas que não aquelas estipuladas em contrato".

Le Maire também destacou que o governo francês já está se preparando para uma eventual interrupção no fornecimento.

*Com ANSA, AFP e Reuters