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CPI das Pirâmides escancara que fraude na 123milhas é global, diz relator

O relator da CPI das Pirâmides Financeiras, Ricardo Silva (PSD-SP), contou no UOL News da tarde desta sexta-feira (6) que a fraude envolvendo a 123milhas é "global".

Infelizmente, uma resposta [para as vítimas] que não é nada boa: é uma resposta que vai escancarar que a 123milhas ela não apenas na linha promocional, que foi essa linha que deu repercussão oferecendo passagens, por exemplo, de São Paulo a Orlando por R$ 700 ida e volta, à Paris, R$ 900 ida e volta. Entendíamos que eles faziam esse plano promocional e que a fraude estava nesse plano promocional, mas, infelizmente, vamos apontar que a fraude é global.

Desde 2019, quando eles passam a operar de forma mais incisiva no mercado, é uma empresa sempre deficitária. Eles dependem muito de investir em publicidade, trazer mais pessoas para essa base e fazer empréstimos bancários. São milhões e milhões em empréstimos bancários. Essa empresa não se sustenta pelo seu trabalho.

A gente vai apontar que, infelizmente, esse modelo que eles fizeram não deu certo. Se constata pela própria conclusão da Polícia Federal, que esteve nos assessorando com relatórios de inteligência, que é uma empresa que não tem viabilidade por esse modelo.

Sócios da empresa, os irmãos Ramiro e Augusto Madureira devem ser alvo de pedido de indiciamento na CPI. O relator reuniu quebras de sigilo, orientações para clientes mentirem e outras práticas comerciais questionáveis da empresa para embasar o requerimento.

Para as pessoas que tiveram o sonho da viagem, elas esperam da CPI uma apuração criminal, que é o que estamos fazendo. Vamos indiciar criminalmente os responsáveis.

O que vai acontecer

O relator vai afirmar em seu relatório final que a bancarrota da 123milhas faz parte de uma pirâmide financeira criada pelos donos da empresa. Silva disse que uma alteração no modelo de negócio foi adotada no ano passado para executar o esquema.

Gigante do setor de turismo, a 123milhas movimentou R$ 6 bilhões no ano passado, conforme apuração do UOL.

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Após lançar um novo produto, a empresa teve prejuízo, entrou em recuperação judicial e lesou o que se estima em 700 mil clientes.

O pacote "promo" oferecia passagens por preços muito abaixo da média do mercado. Um exemplo são voos de ida e volta para Orlando por R$ 700, segundo expôs o deputado no documento.

Ricardo Silva explica que o cliente não estava comprando o bilhete aéreo, mas um compromisso da 123milhas em entregar um tíquete. Mas a empresa não possuía a passagem que estava oferecendo em seu site.

A aquisição se daria por meio da compra de milhas de pessoas físicas. A 123milhas entregaria uma quantia financeira ao vendedor e ele emitiria o tíquete em nome de terceiros indicados pela empresa.

Outra maneira de honrar as passagens comercializadas por preço abaixo do mercado seria a compra direta com as companhias aéreas. Mas o sistema não funcionou e ruiu.

O que dizem os donos

Durante depoimento na CPI, Ramiro Madureira justificou que a 123milhas esperava encontrar passagens baratas e ainda obter lucro.

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Mas ele afirmou que o preço dos bilhetes subiu acima do recebido do cliente, o que gerou o déficit no caixa da empresa.

As vendas na categoria promo correspondiam a 15% dos negócios da empresa, ainda de acordo com o sócio da 123milhas.

Ele também minimizou o valor pago em publicidade e disse que o sistema se pagava dentro da empresa. Segundo ele, a culpa foi do aquecimento no comércio de passagens, que alterou os parâmetros usados em seu sistema de vendas.

Relator (esquerda) vai pedir o indiciamento de Ramiro Madureira (meio), sócio da 123milhas
Relator (esquerda) vai pedir o indiciamento de Ramiro Madureira (meio), sócio da 123milhas Imagem: Reprodução Instagram

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