Robô manobrista já existe, mas falta ser viável economicamente, diz Indigo
Robôs manobristas já existem, mas ainda são muito caros para serem viáveis comercialmente. É o que diz Thiago Piovesan, CEO no Brasil da empresa de estacionamentos Indigo, em entrevista ao UOL Líderes.
O que ele disse
Robô manobrista já existe, mas ainda é muito caro. O executivo citou o exemplo de um estacionamento que ele visitou no Canadá, em que um robô entrava debaixo do carro e o levava para a vaga. Ele diz que tecnologias desse tipo já existem como experiência, mas ainda são difíceis de replicar e por enquanto muito caras. "Já existe. Mas, a exemplo de tecnologias disruptivas, tem um tempo de amadurecimento, de teste até se tornar uma solução final pronta para ser replicada", diz.
Estacionamento do futuro é debaixo da terra. Piovesan falou sobre casos na Europa em que estacionamentos ficam debaixo da terra, liberando a superfície para lazer, caminhadas e uso de bicicletas. Para isso, porém, são necessários altos investimentos e tempos de concessão mais longos. Segundo ele, na Europa há concessões com prazos de até 100 anos, enquanto no Brasil os prazos em geral são de 20 ou 30 anos.
Estacionamento será ponto de conexão e de prestação de serviços. O executivo diz que a tendência é ampliar a oferta de serviços nos estacionamentos, com espaços para aluguel de bicicletas, áreas de armazenamento tipo self storage e até pontos de vacinação. Segundo ele, há também uma tendência de os estacionamentos serem pontos de conexão. A ideia é que o usuário vá de carro até o estacionamento e mude de meio de transporte para seguir o seu trajeto.
Estacionamentos não reduz uso de transporte público. Para o executivo, a criação de vagas de estacionamento nas cidades não leva necessariamente a um aumento do uso de carros. Ele diz que a falta de uso de meios de transporte públicos, como ônibus e metrô, se deve mais à necessidade de melhoria desses serviços do que à oferta de vagas de estacionamento.
Impacto da reforma tributária no setor de serviços é incerto. Piovesan diz que a simplificação proposta pela reforma tributária é bem-vinda. Mas diz que há uma preocupação sobre se a reforma vai significar aumento de custos para o setor de serviços.
Você pode assistir à entrevista em vídeo no canal do UOL no YouTube ou ouvi-la no podcast UOL Líderes. Veja a seguir destaques da entrevista:
Robô manobrista
Fomos visitar uma operação de aeroporto no Canadá, onde você deixava o carro na entrada do estacionamento, vinha um robô por baixo do carro e levava para a vaga. Assim como com os carros elétricos, você começa com um perfil de custo muito elevado para uma operação que dificilmente se paga. Vale muito mais como experiência em um primeiro momento. Mas até se transformar na solução final, que a gente possa replicar, ainda tem muito ponto de melhoria de desenvolvimento, de baratear custos. O que ninguém quer é colocar uma tecnologia dessas e triplicar o ticket do estacionamento.
Estacionamento do futuro
Lá fora vemos uma tendência de pegar a área de superfície das cidades e privilegiar para o lazer, para caminhada, bicicletas. Você olha a rua e não enxerga carro. Por que isso é possível? Porque muitas operações, por exemplo, na França, são subterrâneas. Você joga toda a área de mobilidade para baixo. Só que fazer essa transformação não é simples, é preciso tempos de concessões, altos investimentos, estar alinhado com o modelo estratégico do país. É o que a gente chama de estacionamento do futuro.
Prestação de serviços
O estacionamento está se transformando em ponto de conexão. Você pode vir de carro ao estacionamento e pegar uma bicicleta, um carro elétrico, fazer outras conexões para uma mobilidade inteligente, mais leve. A área de estacionamento vai servir de prestação de serviços para o usuário. Por exemplo, operações de delivery de última milha, para facilitar a entrega, self storage, estacionamento de bicicletas, pontos de vacinação.
Estacionamento e transporte público
Não tem uma relação direta de que as pessoas usam carro porque tem estacionamento. Nós não estamos ali simplesmente para criar uma área para estacionar carro. Ela vem para ser uma área customizada para a necessidade daquela região, um hub de conexão. Hoje você não consegue ter essas conexões muito eficientes. Não tem metrô, não tem ônibus. A falta de uso desses meios é muito menos porque existe vaga em estacionamento. É muito mais por uma necessidade de melhoria desses serviços. Com certeza ele não é o problema, o estacionamento é parte da solução.
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Quero receberReforma tributária
Não estão claros os impactos que os diferentes segmentos da indústria e serviços vão sofrer. Eu tenho conversado com muitos colegas do segmento de serviços. A preocupação maior é como o nosso segmento de serviço vai se comportar em alíquotas, em impactos tributários. Se tiver um aumento de custos, isso pode trazer um impacto reverso a tudo isso que falamos de melhoria de inflação, de taxa de juros. Essa é a grande preocupação da reforma.
Quem é Thiago Piovesan
Idade: 46 anos
Local de nascimento: Porto Alegre (RS)
Carreira: Antes de ser CEO na Indigo Brasil, trabalhou como VP Financeiro na Taurus e CFO na Lupatech. Também foi gerente executivo na PWC
Formação: Formado em Ciências Contábeis com MBA em Finanças Empresariais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Como é a Indigo
A Indigo é uma multinacional francesa com presença em nove países. No Brasil, está em cerca de 100 cidades, com operações em shopping centers, aeroportos e parques. Em São Paulo, opera os estacionamentos do Parque Ibirapuera e do aeroporto de Guarulhos.
Funcionários: 4.500 funcionários no Brasil
Faturamento no Brasil em 2022: R$ 1,1 bilhão
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