Discussão sobre parcelado sem juros é 'desproporcional', dizem empresários

Empresários que participaram hoje do Euroconsumers Fórum 2023, em Brasília, defenderam o parcelamento sem juros no cartão de crédito como uma alternativa de arrecadação para o comércio e disseram acreditar que a discussão sobre o assunto é "desproporcional" neste momento. O debate lhes parece exagerado considerando que essa é uma alternativa de pagamento criada´e bancada pelo próprio varejo, útil para uma grande fatia dos consumidores brasileiros, e que foi sendo aperfeiçoada ao longo do tempo com a concorrência no mercado.

O que aconteceu?

O Fórum organizou uma mesa de debate sobre uma possível limitação do parcelado sem juros.

Os palestrantes seguiram uma linha semelhante de pensamento. Na avaliação deles, uma limitação do parcelado deve ser muito discutida antes de ser implementada por conta dos impactos diretos na economia brasileira.

Alternativa de pagamento tradicional há décadas no varejo brasileiro, o parcelamento sem juros entrou em discussão depois de recentes declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto. Ele sugeriu uma limitação no número de parcelas que fosse aumentando com o passar do tempo. Em sua avaliação, reduzir o parcelamento sem juros é fundamental para controlar a inadimplência no país.

O governo federal, por outro lado, entende que o parcelamento sem juros foi criado pela sociedade e deve ser debatido por ela. Em entrevista ao UOL, o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, disse que o ministério não deve interferir no assunto.

O que disseram os empresários

O parcelado sem juros está ganhando uma envergadura, uma dimensão na discussão estrutural da imprensa, do Banco Central, algo totalmente desproporcional. Parece que o mundo vai acabar. Por que que nós precisamos discutir um tabelamento do parcelado sem juros depois de toda evolução que tivemos na concorrência do mercado brasileiro?

Raul Moreira, conselheiro Banco Original e PicPay e membro das diretorias da ABECS e da ABBC

A ideia de você extinguir ou de limitar significativamente uma alternativa que, hoje, é usada pelo varejo, por 75% das famílias, que representa mais da metade das compras. Isso gera um impacto brutal em diferentes frentes. É uma pancada no PIB brasileiro fazer uma limitação dessa pelo volume que a gente tem. Estou falando de um país que é muito desigual e que preciso permitir que essas pessoas tenham acesso básico à vida comum.

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Felipe de Paula, professor da FGV Direito de São Paulo e sócio da XVV Advogados

Acreditamos que o parcelado, quem banca, é o empresário que decide fazer. O empresário que está parcelando sem juros, se eu parcelo em seis vezes, oito vezes, dez vezes, quem está bancando essa conta é a empresa. A empresa tem de fazer a conta do quanto esse parcelado vai comer da margem do produto dela.

Beto Pinheiro, presidente da Abrasel DF e sócio administrador do Coco Bambu Brasília

Um grupo de 11 entidades lançou o movimento "Parcelo Sim!" em defesa das compras parceladas sem juros. O movimento reúne o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), além da Fecomércio-SP (Federação do Comércio de Bens e Serviços de São Paulo).

O evento, que contou com apoio das empresas Stone, Shein, Coca Cola Brasil, JBS e Zetta, ainda teve mesas para debater a tributação de compras internacionais, o comportamento empresarial responsável e resiliência às fake blames e portabilidades.

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