Entenda por que as discussões do G20 podem impactar diretamente sua vida
A cidade de São Paulo é palco até esta quinta-feira (29) da primeira reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20. O Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, recebe 27 delegações que contam com alguns dos mais poderosos nomes da economia mundial.
Esse é apenas um de uma série de eventos que serão realizados em todo o país durante a presidência temporária do Brasil no G20, que se encerrará em novembro deste ano.
O governo brasileiro, à frente do grupo que reúne 80% do PIB mundial e 75% do comércio internacional, definiu sua atuação em três eixos: a luta contra a fome e a pobreza, o enfrentamento às mudanças climáticas e a reforma da governança global.
Tomada de decisões em nível global
O encontro de líderes mundiais pode influenciar a vida de bilhões de pessoas, literalmente. O professor de Relações Internacionais da ESPM, Fábio Pereira de Andrade, diz que os acordos internacionais que devem ser firmados durante a presidência do Brasil no G20—principalmente aqueles voltados para o campo da economia—terão impacto no dia a dia da população mundial.
Ele ressalta, porém, que as decisões só são sentidas no médio a longo prazo. "Pode parecer algo muito distante da vida das pessoas, mas [nas reuniões do G20] são definidas regras que vão influenciar significativamente as atividades econômicas, sobretudo em um nível mais globalizados. Isso afeta a renda disponível das pessoas e pode afetar também significativamente o preço de determinados itens de consumo.
Mas nem sempre os porta-vozes chegarão a um consenso. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), declarou que um dos temas de debate será a criação de um imposto global para bilionários. Pautas como essa, considerada espinhosa, exigem um esforço diplomático maior do que o entendimento de criação de políticas para o combate à pobreza, avaliam especialistas ouvidos pelo UOL.
Essas decisões são de caráter recomendatório, ou seja, o G20 chega a consensos que os países não são obrigados a adotar. Não é algo mandatório.
Natalia Fingermann, professora de Relações Internacionais do Ibmec São Paulo
Um campo de oportunidades para o Brasil
Mesmo com divergências entre os chefes, o Brasil pode despontar no cenário internacional. É assim que avalia Pedro Marques, coordenador de pesquisas do Made-USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP). Ele aponta que a agenda de combate à desigualdade e o envio de recursos em defesa do meio ambiente sinalizam que o país tem muito a contribuir nessas questões.
"A presidência do Brasil é muito significativa porque o país tem muito claro para si uma agenda de combate à desigualdade e à fome no momento em que buscar ocupar um espaço no cenário internacional de liderança", afirma Marques. O Made-USP lidera uma força-tarefa de think tanks sobre o combate a desigualdades, pobreza e fome.
A adoção das políticas prioritárias do Brasil devem ser adotadas, diz um professor. O coordenador do curso de Relações Internacionais da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), Alcides Peron, enxerga com otimismo a articulação brasileira na presidência do G20
Se houver consensos, espero [que haverá] incremento no financiamento de políticas conjuntas de combate à fome à proteção ambiental, à agroecologia e tantas outras.
Alcides Peron, coordenador da Fecap
Esta é a primeira vez que o Brasil assume a presidência do G20. O próximo país que comandará as articulações em torno de políticas globais será a África do Sul. O mandato da presidência vai de 1º de dezembro de um ano até 30 de novembro do ano seguinte.
O que deve ser tratado na reunião do G20 em SP
- Combate à pobreza e à desigualdade
- Financiamento ao desenvolvimento sustentável
- Reforma da governança global
- Tributação justa
- Cooperação global para transição ecológica
- Endividamento crônico de vários países
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