Louis Vuitton foi a pé para Paris, fez mala para imperatriz e criou império

Louis Vuitton, fundador de uma das grifes de bolsas mais famosas do mundo, não nasceu rico, pelo contrário. Ele chegou a Paris em 1837 após sair de sua cidade natal andando 400 km a pé. Na cidade luz, foi aprendiz de uma oficina, onde recebeu a tarefa de criar malas de viagem especiais para a esposa do imperador francês Napoleão III, Eugenie, e depois disso criou o próprio império de moda na França do século XIX.

Louis nasceu no dia 4 de agosto de 1821, em Lavans-sur-Valouse, uma pequena cidade que tinha só 102 habitantes na época. Hoje, a cidade ao norte dos Alpes franceses tem 153 habitantes. Desde muito jovem, ele aprendeu os ofícios de seu pai, moleiro e marceneiro.

A ida para Paris se iniciou em 1835, quando o jovem Louis deixou sua cidade natal. Foram dois anos até ele chegar à capital francesa e, durante esse período, ele exerceu vários ofícios ao longo do caminho.

Em 1837, tornou-se aprendiz no ateliê de Monsieur Maréchal, em Paris. Lá, foi treinado no ofício de "layetier-emballeur-malletier", que consistia em embalar as posses de clientes ricos que partiriam em viagem, e aprendeu a fabricar baús de viagem. Na época, carruagens, barcos e trens eram os principais meios de transporte, e as bagagens eram frequentemente maltratadas. Os viajantes recorriam aos serviços de artesãos para embalar e proteger seus pertences pessoais.

Louis Vuitton rapidamente se destacou como artesão no ateliê. Sua carreira no mercado de bolsas começou em um setor artesanal que exigia habilidades e conhecimentos raros. Mais tarde, passou a fazer malas sob medida, atendendo aos desejos de seus clientes viajantes.

Já com experiência, passou a fazer malas para a mulher de Napoleão III. Foi em 1852 que Louis seria nomeado fabricante de malas para a imperatriz Eugénie, e o reconhecimento de sua habilidade alcançou clientes muito ricos.

Era a época da revolução no meio dos transportes trazidos pela máquina a vapor. O turismo internacional das classes abastadas e aristocráticas se desenvolvia com as locomotivas e barcos a vapor. Louis Vuitton percebeu que era necessário criar bagagens inovadoras e de alta qualidade, combinando luxo, funcionalidade e inovação.

Foi assim que foi inventada a mala plana Louis Vuitton. Ela pode ser empilhada de maneira mais fácil do que as tradicionais malas com tampa arredondada desta época.

Dezessete anos depois, é fundada a marca "Louis Vuitton". Em abril de 1854, foi aberta a primeira butique na cidade. No mesmo ano, Louis Vuitton se casou com Clémence-Émilie Parriau, que conheceu quanto ela tinha 17 anos. Ela o estimulou a se vestir melhor.

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Em 1859, ele expandiu seus negócios. Transferiu sua oficina, com cerca de vinte funcionários, para Asnières, às margens do rio Sena, para aproveitar o transporte fluvial. Ele construiu, junto com sua esposa, uma casa para a família adjacente às oficinas, que hoje se tornou o Museu Louis Vuitton (em uma rua rebatizada como "rue Louis Vuitton"). Em 1900, o local tinha 100 funcionários, e 225 em 1915. Atualmente, ainda é o centro de criação para produtos raros e encomendas especiais da "maison" (casa, em francês).

Enquanto a casa familiar foi preservada e transformada em um museu privado, 200 artesãos ainda trabalham no ateliê de Asnières, próximo a essa casa. Na oficina, artigos de couro e encomendas especiais continuam a ser moldados para clientes de todo o mundo.

A famosa fechadura. Em 1886, Louis e o filho Georges revolucionaram as fechaduras de bagagem com um sistema de fechamento engenhoso que transformou as malas de viagem em verdadeiros cofres do tesouro. Após vários anos trabalhando em sua concepção, Georges patenteou um sistema de fechadura único, equipado com duas fivelas de mola. Na época, o famoso ilusionista Harry Houdini foi desafiado a escapar de uma caixa trancada com uma fechadura Louis Vuitton. Houdini não aceitou o desafio. Ela ainda é usada atualmente.

O famoso monograma que une as letras L e V também foi criação de Georges para homenagear o pai Louis em 1896.

Expansão do negócio. A partir do final do século 20, a marca voltou às origens de seu fundador como embalador de guarda-roupa com o lançamento de coleções de moda para mulheres e homens, agora lideradas pelo Diretor Artístico Nicolas Ghesquière. Desde então, a Maison também se aventurou nos domínios da relojoaria com os relógios Tambour, joias lideradas pela Diretora Artística Francesca Amfitheatrof, bem como fragrâncias com o mestre perfumista Jacques Cavallier-Belletrud. Colaborando frequentemente com artistas e arquitetos renomados mundialmente, a Maison apresenta a coleção Louis Vuitton Objets Nomades, objetos e móveis inspirados em viagens imaginadas por uma crescente lista de designers internacionais de destaque.

A marca Louis Vuitton passou a fazer parte do grupo de luxo Louis Vuitton - Moët Hennessy em 1987. Em 2023, o grupo de negócios de Moda e Artigos de Couro do grupo, que inclui a Louis Vuitton, alcançou um crescimento orgânico de receita de 14%. O lucro das operações recorrentes aumentou 7%.

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É a segunda marca mais valiosa do mundo, eleita em 2022 e em 2023 pelo ranking da Brand Finance. A marca é avaliada em US$ 26,29 bilhões (cerca de R$ 128,10 bilhões).

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • A foto anterior da matéria mostrava a famíia de Napoleão III, e não de Louis Vuitton. A imagem foi alterada.

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