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Campos defende responsabilidade com fundamentos econômicos e independência do BC

30/07/2014 12h07

BRASÍLIA (Reuters) - O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta quarta-feira que o país precisa ter responsabilidade com os fundamentos macroeconômicos e defendeu a independência do Banco Central como forma de recuperar a confiança de investidores no Brasil.

Campos, terceiro colocado nas pesquisas recentes sobre a corrida ao Palácio do Planalto, disse ainda, durante apresentação a empresários em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que é necessária a criação de um Conselho Nacional de Responsabilidade Fiscal, afirmando que as contas públicas não podem ser “escondidas” ou “maquiadas”.

“Nós precisamos passar segurança para o mundo e para o Brasil, de uma governança macroeconômica que tenha responsabilidade com os fundamentos, que não faça política de curto prazo, que valorize o longo prazo, o planejamento, que valorize o contrato, que dê segurança aos que querem investir”, disse o candidato.

“Quando alguém do Partido Socialista Brasileiro diz que defende o Banco Central independente, é porque o Brasil precisa desse gesto para recuperar o crédito que o Brasil perdeu no mundo nesses últimos anos.”

O ex-governador de Pernambuco voltou a prometer ainda que enviará uma proposta de reforma tributária ao Congresso na primeira semana de um eventual governo, afirmando que as primeiras medidas a serem tomadas vão mirar na cumulatividade do PIS e Cofins, de forma a diminuir os custos para a produção, e ainda a cobrança do ICMS.

Ponderou, no entanto, que as novas regras tributárias deverão ser implementadas de maneira gradativa, para não criar um clima de insegurança. “Vamos ter a visão clara de que ela não pode ser implementada imediatamente... Precisa entrar em etapas para dar segurança”, disse.

O candidato afirmou ser necessária ainda a discussão de um marco regulatório da terceirização, além de defender um processo de negociações tripartite. Ele criticou o custo da folha de pagamento, mas negou a possibilidade de diminuição dos direitos trabalhistas.

Na área de investimentos em infraestrutura, Campos defendeu a construção de um ambiente propício para a retomada de investimentos externos. Segundo o socialista, o financiamento do setor não pode ficar mais sob a responsabilidade apenas do Tesouro e de bancos públicos.

“Nós precisamos da regulação segura, de um ambiente macroeconômico diferente do que existe e precisamos mostrar que é possível também financiar infraestrutura não só no BNDES. Porque o Tesouro Nacional, as contas públicas, não aguentam fazer um financiamento nesta proporção que estamos colocando”, declarou.

O socialista aproveitou o evento para bater na tecla de que sua candidatura, que tem a ex-senadora Marina Silva como companheira de chapa como vice, representa a mudança do padrão político do país, discurso que mira justamente no desejo de mudança que vem sendo captado pelas pesquisas.

Chamando para si e para Marina a personificação dessa mudança, Campos criticou o presidencialismo de coalizão e as escolhas políticas para cargos na administração pública. “Com essa política que está aí nós não vamos fazer nada de renovador do Estado brasileiro. Não vamos estabilizar a economia, não vamos crescer”, disse.

Também participam do evento da CNI nesta quarta o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, e a presidente Dilma Rousseff (PT), que tentará a reeleição em outubro.

Na segunda-feira, a CNI divulgou um conjunto de 42 estudos com sugestões em diversas áreas para a melhoria do ambiente de negócios do país.

Aécio, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, fez uma apresentação recheada de críticas ao governo Dilma, líder das pesquisas de intenção de votos, que falará à tarde aos empresários.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Jeferson Ribeiro; Edição de Eduardo Simões)