Haddad diz que comunicado do Copom sobre juros veio "muito ruim"
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que o último comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central veio "muito ruim", um dia depois de a autoridade monetária anunciar a manutenção da taxa Selic e não sinalizar com clareza a possibilidade de cortes de juros em agosto.
"O comunicado, como de hábito, o quarto comunicado muito ruim", disse Haddad a repórteres em Paris, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem.
Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, como esperado, e manteve um tom duro ao avaliar o processo de desinflação no Brasil, defendendo que é preciso ter "paciência" no controle dos preços. Boa parte dos mercados financeiros esperava algum tipo de aceno a um afrouxamento monetário em agosto.
Haddad —que há meses vem criticando o nível da Selic, assim como outros membros do governo— disse que muitas vezes o Banco Central "corrige" o tom de seu comunicado na ata da reunião, que é divulgada na terça-feira seguinte ao encontro, mas argumentou que isso não alivia o que chamou de "descompasso" entre a conjuntura macroeconômica do país e o nível da taxa de juros.
O ministro destacou o recente arrefecimento do dólar frente ao real, alívio na curva de juros e a resiliência da atividade econômica como pontos positivos.
"É claro o sinal de que podíamos sinalizar um corte da taxa Selic", defendeu o ministro, acrescentando que seu ministério está "muito preocupado" com o nível dos custos dos empréstimos, uma vez que isso tem impacto sobre a saúde fiscal do país.
"(Essa decisão do Copom) está contratando um problema. Contratando inflação futura e o aumento da carga tributária futura", afirmou Haddad.
Conforme a reforma tributária passa a assumir os holofotes na reta final da tramitação do arcabouço fiscal no Congresso, Haddad disse que o Brasil está no "melhor momento" para aprová-la, afirmando que o país "não tem chance" sem a reorganização tributária.
ACORDO UE-MERCOSUL
Quando questionado por jornalistas sobre como sua visita a Paris poderia ajudar nas negociações do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, Haddad disse que um dos motivos de sua viagem é discutir uma "possibilidade mais clara" desse pacto com o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire.
De acordo com Haddad, as assessorias de ambas as partes estão combinando um encontro, possivelmente para sexta-feira, em que o assunto pode ser discutido, mas a reunião ainda não foi confirmada.
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