Inflação de serviços melhorou em julho mas ainda preocupa, diz Campos Neto
(Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira que a inflação de serviços mostrou melhora em julho e disse que a autoridade monetária está olhando "com bastante atenção" esses números.
Ao comentar que os dados do IPCA divulgados mais cedo ficaram um pouco mais elevados que a expectativa do mercado, Campos Neto ressaltou que o núcleo da inflação de serviços, que desconsidera itens mais voláteis, ainda está bem acima da meta.
“A gente tem olhado com bastante atenção serviços, é uma inflação que tem caído mais lentamente”, disse Campos Neto, em fórum promovido pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap).
“O núcleo de serviços ainda está bem acima da meta, 6,5%, mas a gente entende que esse é um processo, o número de hoje nessa parte de serviços até foi um pouquinho melhor”, acrescentou.
O IBGE divulgou nesta sexta-feira que o IPCA subiu 0,12% em julho, contra recuo de 0,08% em junho, uma vez que a reoneração de combustíveis compensou a queda nos custos de alimentos e habitação.
A alta nos preços de serviços no mês passado mostrou alívio, desacelerando para 0,25%, depois de subir 0,62% em junho. Em 12 meses, os serviços acumulam avanço de 5,63%, um patamar ainda elevado, segundo Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
"A inflação de serviços é impactada diretamente pelo mercado de trabalho aquecido, já que esse é um setor intensivo em mão de obra. Por isso, olhar para a inflação de serviços, que representa cerca de 1/3 do IPCA, ajuda a identificar para onde caminha a inflação geral", disse ela, em nota.
Na avaliação do economista da XP Alexandre Maluf, houve surpresa positiva em serviços relacionados a alimentação fora do domicílio. Para ele, há uma inequívoca melhora nos dados recentes, mais especificamente em serviços e núcleos de inflação.
"Possivelmente aumentará as apostas para corte de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, apesar de considerarmos que o número de hoje ainda é consistente com um corte de 0,50 ponto", afirmou.
Economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho também avaliou que os novos dados do IPCA devem fazer com que apostas do mercado aumentem para algum corte de 0,75 ponto, apesar de o BNP ainda manter previsão de 0,50 ponto para setembro.
"No geral, é um IPCA com headline mais alto, mas com uma composição super positiva e, mais importante, com serviços subjacentes desacelerando", disse, ao dastacar que esse é um ponto muito importante para a decisão do BC de intensificar os cortes.
O banco Inter, por exemplo, já vê uma redução de 0,75 ponto na Selic em dezembro, segundo a economista-chefe da instituição, Rafaela Vitória.
(Reportagem de Bernardo Caram em Brasília e Camila Moreira em São Paulo)
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