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Recuo da desigualdade em 2012 foi o mais fraco em oito anos

27/09/2013 10h15

O recuo na desigualdade de renda no país registrou, em 2012, o ritmo mais fraco dos últimos oito anos - e permaneceu praticamente estacionado no ano passado. É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento abrange amostra de 147 mil domicílios no país.

O instituto apurou que o índice de Gini, que mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita - sendo que, quanto mais próximo de zero, menos concentrada é a distribuição dos rendimentos -, praticamente parou de cair, e passou de 0,501 para 0,500 entre 2011 e 2012. Esse foi o menor movimento de desaceleração no indicador, usado como termômetro para apurar a redução de desigualdade no país, desde 2004, quando estava em 0,535. Desde então, caiu para 0,532 em 2005; recuou de 0,528 para 0,521 entre 2006 e 2007; e conseguiu desacelerar de forma mais intensa até mesmo durante a crise global, passando de 0,513 para 0,509 na passagem de 2008 para 2009.

Mais desigual

O quadro desfavorável na redução da desigualdade de renda pode ser percebido em algumas regiões - que chegaram até a apresentar aumento no patamar do indicador, entre 2011 e 2012. É o caso das regiões Nordeste (de 0,511 para 0,513) e Sudeste (de 0,478 para 0,480). No Sul, o indicador permaneceu praticamente parado (de 0,454 para 0,455) no período. Houve, porém, queda nos índices de Gini das regiões Norte (de 0,499 para 0,477) e Centro-Oeste (de 0,521 para 0,513), no mesmo período.

No caso específico da renda originada do trabalho, o ritmo da queda do indicador também enfraqueceu. O índice de Gini nesse segmento diminuiu de 0,501 para 0,498 entre 2011 e 2012. Esse nível de recuo foi equivalente ao observado no período da crise global, quando o indicador caiu de 0,521 para 0,518, de 2008 para 2009; e o mais fraco em seis anos.

O quadro desfavorável índice de Gini para a renda do trabalho em 2012 ? ano em que o salário mínimo teve reajuste real de 7,5% ?, em relação ao ano anterior, é perceptível na evolução da renda média mensal real de todos os trabalhos das pessoas entre os 10% com renda mais baixa, que subiu 6,4% de 2011 para 2012, para R$ 215.

A diferença entre os extremos na renda do trabalho também permaneceu praticamente inalterada no período, assim como ocorreu no índice de Gini. No ano passado, os 10% de população ocupada no mercado de trabalho com a renda mais elevada concentraram 41,2% do total da renda do trabalho - enquanto os 10% com os ganhos do trabalho mais baixos detiveram 1,4% do total das remunerações daquele ano. Em 2011, esses valores eram praticamente idênticos, respectivamente 41,4% e 1,4%.

No entanto, a renda total do brasileiro mostrou expansão entre 2011 e 2012. O rendimento médio mensal real de todas as fontes de renda dos brasileiros acima de 15 anos ou mais de idade, incluindo renda do trabalho, subiu 5,6% de 2011 para 2012, atingindo R$ 1.437,00 no ano passado. Ao se detalhar a evolução dos ganhos das famílias, o instituto informou que a renda média mensal real dos domicílios permanentes particulares avançou 6,5% em 2012 ante ano anterior, para R$ 2.721,00. Somente o rendimento originado do trabalho cresceu 5,8% entre 2011 e 2012, atingindo R$ 1.507,00 no ano passado.