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Draghi: BCE está pronto para dar mais suporte à frágil zona do euro

22/08/2014 17h26

O Banco Central Europeu (BCE) está pronto para adotar medidas adicionais para estimular a fraca recuperação na zona do euro e reduzir a taxa de desemprego, afirmou seu presidente Mario Draghi nesta sexta-feira durante o simpósio anual de bancos centrais em Jackson Hole (Wyoming, EUA).

O discurso de Draghi reflete a preocupação do BCE com o fraco ritmo da recuperação econômica da zona do euro até agora este ano, deprimida pelo conflito na Ucrânia, o fracasso da Itália e da França em adotar reformas significativas para estimular o crescimento e um euro forte, que tem prejudicado os exportadores da região. Ele reconheceu que os indicadores confirmaram que a recuperação na zona do euro permanece "uniformemente fraca" e prometeu manter a posição da política acomodatícia por um período prolongado de tempo.

Em junho, o BCE reduziu suas taxas de juro para os níveis mais baixos na história e lançou uma série de medidas para injetar liquidez na debilitada economia da região, onde a inflação se mantém no que Draghi classifica como sendo uma "zona de risco" , abaixo de 1%, há dez meses.

"Eu estou confiante de que o pacote de medidas que anunciamos em junho irá proporcionar o impulso pretendido à demanda e permanecemos prontos para novos ajustes na nossa posição da política", afirmou Draghi.

"O Conselho de Diretores também vai usar instrumentos não convencionais para manter firmemente ancoradas as expectativas de inflação no médio e longo prazos", disse sem elaborar mais a questão.

O mais poderoso instrumento que restou no arsenal do BCE são as compras de ativos em larga escala, também conhecidas como "afrouxamento monetário", mas Draghi não fez referência a isso em seu discurso. O "afrouxamento monetário" uma estratégia política que vem sendo usada com diferentes graus de sucesso nos Estados Unidos, Reino Unido e Japão para estimular a economia.

Draghi espera proporcionar suporte à economia com um euro mais fraco, um plano para reviver o mercado de empréstimos securitizados da Europa e um novo instrumento de empréstimo de longo prazo do BCE, as "Operações de Refinanciamento de Longo Prazo Direcionadas" (TLTROs, na sigla em inglês), para proporcionar financiamento barato e seguro aos empréstimos que os bancos concedem as empresas e pessoas físicas. Segundo o presidente do BCE, existe um "significativo interesse dos bancos" pelas TLTROs.

"Já estamos vendo movimentos na taxa cambial que deve apoiar a demanda agregada e a inflação, que esperamos que sejam sustentados pela esperada diferença no rumo da política [?monetária] nos Estados Unidos e na zona do euro", afirmou, referindo-se à expectativa de que as taxas de juro na zona do euro vão permanecer baixas por mais tempo em comparação com as dos Estados Unidos. Pela manhã, a presidente do Fed, Janet Yellen, sugeriu que o banco central americano pode elevar o juro mais cedo do que se esperava anteriormente, uma vez que o rápido ritmo de criação de emprego nos Estados Unidos colocou alguma pressão inflacionária na economia.

Essa diferença nas taxas de juro da zona do euro e dos Estados Unidos é crucial para reduzir o valor do euro frente ao dólar e restaurar a competitividade dos exportadores europeus, em especial dos franceses e italianos.

O presidente do BCE destacou ainda a escala da destruição do emprego na zona do euro nos últimos três anos e alertou que o desemprego no longo prazo faz com que muitos desempregados corram o risco de não conseguirem mais um emprego se permanecerem fora do mercado de trabalho por muito mais tempo.

"Os riscos de ?fazer muito pouco', isto é de que o desemprego cíclico se torne estrutural, supera os riscos de ?fazer demais'", disse Draghi.