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Dólar segue em alta ante real, mas opera nas mínimas do dia

27/10/2014 12h56

O dólar segue em firme alta ante o real nesta segunda-feira, mas já se afastou das máximas em quase seis anos e opera no momento próximo das mínimas do dia, em torno de R$ 2,52. A valorização da moeda americana nesta sessão é ditada basicamente por investidores locais, mas é amortecida pela ação de estrangeiros, que aproveitam os patamares elevados da cotação para obter mais ganhos no Brasil.

O BNP Paribas considera que a queda limitada do real se deve a basicamente três fatores: o patamar da taxa de câmbio, já próximo de R$ 2,50; a posição técnica dos agentes, bastante comprada em dólar; e o custo de se manter posição vendida em real. "É muito caro apostar contra o real devido ao juro", afirma o banco francês, referindo-se ao nível de 11% da taxa Selic.

O mercado reage à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) após votação pelo segundo turno realizado no domingo. Dilma venceu com 51,64% dos votos válidos, superando o candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, que ficou com 48,36%. A disputa foi a mais apertada desde pelo menos a Redemocratização, 25 anos atrás.

De modo geral, o discurso da presidente após a confirmação da vitória foi recebido de forma cautelosamente positiva. Em suas primeiras considerações públicas após reeleita, Dilma se disse mais disposta ao diálogo e parceria com todas as forças produtivas, comprometendo-se a estimulá-los o mais rápido possível. A presidente afirmou ainda que, dentre as reformas, a primeira e mais importante deve ser a política.

Segundo analistas, o principal ponto a ser monitorado pelo mercado agora é a escolha do ministro da Fazenda. Há especulações sobre possíveis nomes, dentre os quais o ex-secretário-executivo da pasta Nelson Barbosa. Nesta segunda-feira, o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não deve continuar no Ministério, dará entrevista coletiva às 12h45.

"O que o mercado quer é mais clareza nas regras", diz o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo Abucater. "Por ora, o estrangeiro está vendendo dólar porque está atrás de ganhos com taxas mais atraentes aqui. Hoje temos esse alento, mas nada garante que amanhã será assim. Dojeito que está agora, se houver um choque externo estaremos mais fragilizados", acrescenta.

Para o economista para a América Latina do Standard Chartered Bank, Italo Lombardi, baseado em Nova York, a reeleição da presidente Dilma em uma votação apertada mostra que o governo deve evitar a tomada de riscos políticos e de alguma forma isso deve favorecer um maior diálogo da presidente com determinadas alas do PT e do setor produtivo, algo que seria bem visto pelo mercado.

O estrategista crê que o Banco Central manterá o programa de leilões de swaps cambiais até o fim deste ano, mas que há chances de o BC deixar a atuação sistemática em 2015 e voltar a intervir de acordo com as condições diárias do mercado.

Às 12h50, o dólar comercial subia 2,40%, a R$ 2,5190, próximo da mínima do dia, de R$ 2,5181. Logo após a abertura, a moeda bateu a máxima do dia, disparando 4,19% - a maior apreciação intradiária desde 22 de setembro de 2011 (+5,25%). A cotação alcançou R$ 2,5603, máxima desde 5 de dezembro de 2008 (R$ 2,6210). No mercado futuro, o dólar para novembro tinha alta de 1,53%, a R$ 2,5250, depois de oscilar entre R$ 2,5650 e R$ 2,5225.

Apesar de distante das máximas, o real, de longe, é a moeda de pior desempenho frente ao dólar hoje, considerando 34 divisas. O rand sul-africano caía 0,34%, enquanto o peso mexicano e a lira turca oscilavam em leve alta de 0,1%.