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Em sessão de giro fraco, juros futuros oscilam pouco à espera do Copom

29/10/2014 18h16

Giro fraco e oscilações pequenas das taxas marcaram o pregão desta quarta-feira na BM&F. Às especulações sobre a formação do novo do time econômico de Dima Rousseff somaram-se hoje as expectativas em torno da decisão do Federal Reserve, anunciada às 16h, e do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) à noite.

Como esperado, o Federal Reserve encerrou o programa de compra mensal de bônus e reiterou a mensagem de que a taxa básica permanecerá entre zero e 0,25% ao ano por um "período considerável". Reforçando o caráter "dependente de indicadores" da condução da política monetária, o Fed promoveu mudanças pequenas no comunicado. A subutilização do mercado de trabalho, que era vista como "significativa", agora está "diminuindo gradualmente".

Decepcionou-se, contudo, quem esperava um tom mais "dovish" (inclinada a uma política monetária acomodatícia), que sugerisse alta dos juros apenas no fim de 2015. O "yield" (taxa de retorno) da T-note de 10 anos, já em leve alta antes da decisão do BC americano, acelerou da casa de 2,33% para 2,35%, mas logo perdeu fôlego e se acomodou em 2,34%.

A decisão do Fed veio na reta final do pregão da BM&F e não provocou marolas no "call" de fechamento. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) longos, mais sensíveis ao vaivém dos Treasuries, pouco se moveram. DI janeiro/2021, que era negociado por volta de 12,06%, pulou para 12,11% (ante 11,95% ontem). Entre os intermediários, DI janeiro/2017 subiu de 11,92% para 11,97%. A liquidez contudo foi bem reduzida, o que torna as oscilações pouco significativas.

Deixados em segundo plano durante a corrida eleitoral, os DIs mais curtos roubaram a cena hoje. Mais líquido do dia (255 mil contratos negociados), o DI janeiro/2015 ? que abriga as apostas para a Selic até o fim do ano ? subiu um degrau, de 10,93% para 10,941%. E o DI para janeiro de 2016 avançou de 11,78% para 11,83%. Isso a despeito de o dólar ter trabalhado em queda.

É consenso que o Copom anunciará hoje à noite a manutenção da Selic em 11% ao ano. Aqui e ali, há a expectativa de que o comitê possa alterar o comunicado de sua decisão, deixando a porta aberta para uma alta da Selic no encontro derradeiro deste ano (2 e 3 de dezembro). Afora a depreciação recente do real e a expectativa de nova rodada de alta do dólar ? que, em tese, provocam pressões inflacionárias ?, uma ala de analistas considera que um aperto monetário ainda neste ano seria um sinal de que governo Dilma está disposto a retomar o compromisso com a busca do centro da meta de inflação (4,5%).

Trata-se do primeiro encontro do colegiado do BC após a reeleição da presidente. Fonte ouvida hoje pela jornalista do Valor Cláudia Safatle informou que o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, se quiser, permanece no cargo, mas comandará uma diretoria distinta da atual. Mesmo com uma dança de cadeiras entre diretores, a recondução de Tomibini dá suporte à continuidade da atual estratégia de combate à inflação. Em seus documentos recentes, o BC tem temperado a afirmação de que, mantidas as condições monetárias a inflação vai convergir para a meta no horizonte relevante, com o alerta de que pode atuar para conter efeitos secundários do ajuste de preços relativos (administrados em relação a livres; transacionáveis ante não transacionáveis). É aí que reside a perspectiva de novo aperto monetário, a despeito de fraqueza da economia. A conferir.