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Índice de clima econômico cai na AL, mas se mantém estável no Brasil

12/02/2015 15h20

O indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina caiu 6,3%, de 80 pontos em outubro para 75 pontos em janeiro, com piora tanto nas avaliações sobre a situação atual quanto nas expectativas. A queda dos preços do petróleo estão entre os motivos para essa deterioração.

No Brasil, o indicador se manteve estável em 57 pontos, mas o clima econômico no país é o segundo pior da região, superando apenas o da Venezuela, que marca 20 pontos.

"Especialistas parecem estar esperando que as medidas prometidas de ajuste macroeconômico entrem em operação no Brasil. Além disso, perspectivas de alta de inflação, baixo crescimento e problemas no abastecimento de água e energia não ajudam na melhora das expectativas", afirma o relatório divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador é elaborado em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a FGV tendo como fonte de dados a Ifo World Economic Survey (WES).

No Brasil, o ICE continua no patamar desfavorável (abaixo de 100), já que tanto o índice de situação atual (ISA) quanto o índice de expectativas (IE) mantiveram-se iguais em relação a outubro de 2014 - 30 e 84 pontos, respectivamente.

Na América Latina, o ISA caiu 9,4% e o IE recuou 4,2%. Todos os indicadores se encontram na zona desfavorável do ciclo e a piora generalizada sinaliza avanço na deterioração do clima econômico na região, diz a pesquisa.

O clima econômico apresentou melhora na Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. No entanto, apenas Paraguai e Peru registraram indicadores na zona favorável. A melhora do ICE no Peru em 13% indica que a queda nos preços dos metais, associado à menor demanda da China, ainda não é vista como um fator que possa levar o país a uma situação recessiva.

No Paraguai e no Uruguai a melhora do indicador reflete o apoio às políticas adotadas pelos atuais governos. Na Argentina, apesar da melhora, o país continua na zona desfavorável e motivo para a melhora não é muito claro, podendo estar relacionado à diminuição da tensão com os fundos abutres ou ao empréstimo concedido pela China para a construção de projetos de infraestrutura no país.

No Chile não houve mudança econômica relevante, mas foi afastado o temor que o atual governo implementasse grandes mudanças no sistema educacional e em outras áreas da política social, dada as restrições orçamentárias.

Bolívia, Colômbia, Equador e México registraram queda no ICE. Nos três primeiros casos, a piora deve estar associada principalmente à queda nos preços do petróleo. No México, após a eleição do Presidente Peña Nieto, o clima econômico manteve-se, de forma geral, favorável durante 2013 e parte de 2014. A promessa de reformas para modernizar a economia, entre elas na empresa estatal petrolífera, foi bem recebida pelos especialistas consultados pela sondagem. No entanto, o caso do desaparecimento dos estudantes na cidade de Iguala e a demora de reação do governo federal têm sido interpretadas como um dos fatores que minaram, em parte, a confiança no atual presidente.

O Brasil ficou em 10º lugar no ranking do ICE médio dos últimos quatro trimestres, liderado pelo Peru. Chama atenção a queda da Colômbia que esteve na primeira posição desde julho de 2014. A queda no preço do petróleo contribui para o aumento do déficit fiscal e da conta corrente do balanço de pagamentos.

Mundo

No plano mundial, o clima econômico registrou suave melhora, ao passar de 105 pontos, em outubro de 2014, para 106 pontos, em janeiro de 2015. Nos Estados Unidos, após interrupção da trajetória de alta em outubro de 2014, o indicador voltou a crescer (8,3%). Na União Europeia, o anúncio pelo Banco Central Europeu de uma política monetária expansionista fez com que todos o indicador melhorasse, de 104 pontos para 113 pontos.

Em contrapartida, a China, segunda maior economia mundial, registrou queda puxada pela piora nas expectativas. No Japão e na Índia, o clima econômico apresentou melhora. No entanto, dado o peso da China no continente asiático, o clima econômico não mudou na região entre as sondagens de outubro de 2014 e janeiro de 2015. Entre os BRICS, a Rússia lidera o ranking do pior indicador de clima econômico.