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Investidor embolsa ganhos após Petrobras subir 50% e Bovespa cai

16/04/2015 17h55


A quinta-feira foi de correção moderada na bolsa brasileira, com investidores estrangeiros predominando na ponta vendedora do mercado pela primeira vez neste mês, após o Ibovespa ter renovado sua máxima do ano ontem. O movimento de realização de lucros foi liderado pelas ações da Petrobras, que vinham de uma escalada de alta de mais de 50% nos últimos 30 dias.

Lá fora, declarações de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) chegaram a animar os investidores e fazer as bolsas em Wall Street operarem no azul por alguns momentos. Mas a tendência de correção também prevaleceu no fechamento dos mercados.

O presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, foi explícito ao afirmar que "alta do juro em junho não está descartada, mas não é minha preferência". Ele admitiu que está inclinado a subir os juros mais tarde do que mais cedo. Segundo Lockhart, a inesperada fraqueza da economia no primeiro trimestre deve fazer com que a autoridade monetária espere mais tempo antes de se sentir confiante para elevar os juros. Lockhart é um dos membros votantes do comitê de política monetária do Fed (Fomc) neste ano.

O Ibovespa fechou em baixa de 0,45%, aos 54.674 pontos, com volume de R$ 7,147 bilhões. Petrobras PN (-3,00%) e ON (-1,86%) ficaram entre as maiores baixas do dia. Entre as demais ações de peso do índice, quase todas encerraram no vermelho: Vale PNA (-1,93%), Itaú PN (-0,75%), Bradesco PN (-0,25%). Apenas Ambev ON fechou estável.

Segundo operadores, desde a abertura do pregão investidores aproveitaram para embolsar ganhos com ações da Petrobras. Mesmo com a correção de hoje, a ação PN avança 56% e ON acumula alta de 61% desde as mínimas mais recentes, registradas em 13 de março.

O estopim para a correção foi a informação dada pela companhia, de que não incluiu blocos de exploração do pré-sal entre os ativos que estão à venda nos próximos dois anos. À tarde, a "Agência Estado" informou que a Petrobras não distribuirá dividendos referente ao resultado de 2014, segundo fontes da estatal.

As ações da Vale voltaram a cair hoje, após a agência Moody's cortar a estimativa de preços do minério de ferro para US$ 40 em 2015 e 2016. Ontem, o J.P. Morgan havia cortado a recomendação das ações, de compra para neutra, citando a deterioração do ambiente de negócios para as mineradoras.

Próximo do fechamento da bolsa, o diretor executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Luciano Siani, declarou que, nem a Vale, nem o mercado esperavam uma queda tão grande nos preços do minério de ferro. "A deterioração [recente] dos preços das commodities é um momento secular, após dez ou 15 anos de preços vantajosos", afirmou.

Siani fez apresentação para participantes da Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, que é o maior acionista individual da mineradora. "A boa notícia é que companhia está entrando em trajetória de aumento de produção nos próximos anos e isso ajuda a compensar a queda dos preços [das commodities]", afirmou.

Embraer ON (-2,95%) também está entre os destaques negativos do dia. A companhia entregou 20 jatos comerciais e 12 jatos executivos no primeiro trimestre. Segundo o BTG Pactual, o mix de vendas decepcionou, uma vez que as vendas de aviões comerciais ficou concentrada em modelos menores.

A lista de maiores altas do Ibovespa trouxe Gafisa ON (4,41%), Usiminas PNA (3,98%) e CSN ON (3,62%). Os papéis de Usiminas e CSN continuaram turbinados pela decisão de terça-feira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A xerife do mercado considerou que a compra de ações da Previ pela Ternium, em outubro do ano passado, obriga a Ternium a realizar uma oferta de aquisição (OPA) das demais ações ON da siderúrgica mineira em circulação.

A Ternium disse hoje que poderá vender a parcela de ações excedente a um terço do total de papéis em circulação (free float) para não ser obrigada a realizar a OPA, como está previsto na instrução 361 da CVM.