Contratação de pessoas pretas poderia evitar erros como o do "Caso Bombril"
O ano é 2020. A pauta racial está em alta em todo o planeta como nunca esteve antes. No Brasil, ela só chegou e teve um pouco mais de visibilidade porque, no imaginário popular e social, nós enquanto país não poderíamos ficar atrás dos Estados Unidos e precisávamos nos manifestar, da forma que fosse, sobre o tema.
Muitos brasileiros preferem valorizar a cultura norte-americana do que a nacional —neste caso, não foi diferente. George Floyd precisou ser assassinado lá, para que João Pedro e tantas outras pessoas fossem lembradas aqui.
O Movimento Black Lives Matter precisou ter espaço na mídia brasileira para que notassem a existência do nosso próprio movimento negro, que sempre lutou pela vida e direitos da população negra, e que, na mesma proporção, foi invisibilizado.
O momento é de reflexão, aprendizado e pede cautela. Na contramão disso tudo, a empresa brasileira Bombril decidiu perpetuar os estereótipos racistas através da comercialização de um produto que impactou negativamente a vida de pessoas negras: a esponja de aço "Krespinha". Segundo a marca, ela é "ideal para limpeza pesada".
Esse não é um produto com nome novo no mercado. Nos anos 50, a loja "Sabarco", presente no Rio de Janeiro e em São Paulo, vendia uma esponja similar, que trazia na embalagem uma menina negra de cabelo crespo, fazendo uma associação direta com a lã de aço.
Após uma (óbvia) manifestação negativa nas redes sociais, a empresa se pronunciou através de um comunicado, se desculpou e informou que vai tirar o produto de seu catálogo agora, após 70 (SETENTA) anos de existência do mesmo.
É inadmissível que em 2020, uma marca grande, reconhecida e que já faz parte da vida dos brasileiros adote posicionamentos racistas, com tantas consultorias, empresas especializadas e profissionais pretos disponíveis no mercado e que podem auxiliar na construção da comunicação.
Enquanto essas companhias não entenderem a necessidade de contratação e valorização de pessoas pretas, erros absurdos como esse continuarão acontecendo. Isso é completamente opcional. Casos como esse, que riscam facilmente a imagem de qualquer marca, são facilmente evitados.
A comunicação de qualquer anunciante é crucial para sua aproximação da comunidade e dos consumidores que compram e acreditam em seus produtos.
A regra aqui é simples: não há como retratar uma realidade que não se vive. É preciso dar espaço e amplificar as vozes de pessoas que de racismo e preconceito, entendem muito bem, obrigado.
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