Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Inadimplência menor mostra que brasileiro nunca usou tão bem o cartão
Dados mais recentes do Banco Central apontam que, em março e abril deste ano, a inadimplência dos cartões de crédito chegou aos seus menores patamares desde o início da série histórica, em março de 2011. Além disso, nos dois meses, a taxa, que ficou em 3,9% e 3,8%, respectivamente, veio abaixo do índice de inadimplência geral da pessoa física com empréstimos recursos livres (4%), que inclui crédito consignado, crédito pessoal e financiamento de veículos, entre outros.
Esse conjunto de eventos —chegar à mínima histórica e ficar abaixo da média do mercado de crédito— é um marco para a indústria de cartões, que, por muito tempo, foi vista como motivo de superendividamento do brasileiro. É importante ressaltar que março e abril não foram pontos fora da curva. Há tempos, o indicador de inadimplência do cartão vem caindo. E, mesmo em meio à crise financeira gerada pela pandemia de covid-19, apresentou quedas consecutivas desde maio do ano passado.
Em outras palavras, nunca o brasileiro usou tão bem o seu cartão de crédito, a ponto de ter o seu índice de não pagamento, que já era controlado, a um nível baixíssimo, mesmo este sendo, de longe, o instrumento de crédito que mais cresce e o mais usado no país para financiar o consumo de bens e serviços. Só no primeiro trimestre, o crescimento foi de 12,8%, segundo a Abecs, associação que representa o setor. A projeção é que os consumidores movimentem em torno de R$ 1,5 trilhão com os cartões de crédito em 2021.
Vale acrescentar que, nestes tempos mais difíceis, o cartão tem sido um grande aliado do consumidor e um importante vetor de recuperação econômica, contribuindo inclusive para o processo de digitalização das transações. Hoje, os brasileiros fazem cerca de 50 mil pagamentos por minuto com cartões, seja em lojas físicas, seja à distância pela internet, aplicativos e carteiras virtuais. Na outra ponta, ele também se mostrou essencial para ajudar empreendedores e estabelecimentos comerciais a realizarem suas vendas, principalmente de forma online, mitigando os efeitos da crise.
É claro que toda essa transformação digital dos pagamentos não ocorreu da noite para o dia. Os meios eletrônicos já são responsáveis por quase 50% do valor movimentado pelo consumo das famílias e estão inseridos em todas as classes sociais em nosso País. Isso é fruto de contínuos e exitosos esforços para a manutenção de um mercado livre, aberto e competitivo, o que gerou amplos investimentos em infraestrutura, segurança e soluções inovadoras que possibilitam transações por cartão, celular, relógio, internet, aplicativos, entre outros dispositivos ou canais, em praticamente todo o território nacional.
Mesmo com todo esse crescimento, o uso equilibrado do cartão se mantém, pois é reflexo de um processo contínuo de conscientização. Basta olharmos para a evolução do saldo sem juros da carteira de crédito do cartão, que, só em março, cresceu 12,3% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Na contramão, o volume do crédito rotativo, cada vez menos representativo, caiu 17,3% no mesmo período. O parcelamento da fatura também teve queda, de 3,2%. Hoje, as transações sem juros representam 80% de todo o volume movimentado pelos cartões, de acordo com o Banco Central.
Isso porque o brasileiro já faz esse controle naturalmente, ou seja, realiza prioritariamente compras à vista e parceladas sem cobrança de juros, e, no dia do vencimento, faz o pagamento integral da sua fatura. Quando precisa financiar, ele recorre ao parcelamento da fatura ou até mesmo ao modelo de crediário no cartão, que permite inclusive um prazo maior para parcelar a compra, diretamente com o seu emissor.
Para a Abecs e as empresas de cartão, esse aprendizado é motivo de comemoração e fruto de uma longa jornada. A começar pelo constante aperfeiçoamento do setor em relação aos modelos de análise de risco e concessão de crédito, passando pelas investidas em tecnologia, pesquisas e comunicação com o cliente, além da ampla oferta de produtos existente no mercado, que atende diferentes perfis sociais e de consumo de forma mais assertiva. Tudo isso tem reflexo direto na forma como o brasileiro lida com o seu cartão no dia a dia.
É preciso destacar ainda as iniciativas regulatórias e também de autorregulação, no sentido de buscar cada vez mais eficiência, transparência e redução de custos no sistema como um todo. Nos últimos anos, o mercado se diversificou, promoveu mais inclusão e implantou novas alternativas de pagamento ao consumidor. Houve ainda, por parte das empresas, um grande movimento de redução das taxas de juros cobradas nas linhas de financiamento do cartão.
Por fim, os esforços do setor em promover, não apenas inclusão, mas educação financeira, foram e continuam sendo decisivos no processo de conscientização do usuário. As empresas passaram a incorporar o tema em suas agendas de comunicação e a investir fortemente para levar ao consumidor um conteúdo de qualidade, que o ajude a tomar as melhores decisões financeiras. Hoje, as pessoas têm acesso a inúmeras iniciativas segmentadas, como cursos gratuitos de capacitação, videoaulas, e-books, cartilhas, jogos e outras ferramentas de entretenimento educativo, que são potencializadas pelas redes sociais.
É natural também que a própria indústria tenha a sua curva de aprendizado, que é contínua. Dificilmente encontraremos no mercado hoje uma instituição financeira ou de pagamento que não invista nesse tipo de iniciativa que ajude a promover o uso equilibrado e sustentável do cartão. Com todo esse movimento, o consumidor é quem se beneficia por manter a sua fatura em dia e por aproveitar cada vez mais o cartão de crédito como um grande aliado da sua vida financeira.
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