A amigos de farda, Ramos nega intenção de assumir o Comando do Exército
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Se publicamente a briga do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, foi superada, nos bastidores, a disputa entre as chamadas ala ideológica e militar parece continuar.
A notícia veiculada pelo site Antagonista, de que Ramos poderia assumir o comando do Exército no lugar do general Edson Pujol, foi vista pelos militares como mais uma tentativa ala ideológica para fritar o ministro. "É o pessoal que não gosta do Ramos querendo queimar", disse uma fonte.
Ramos, que foi chamado de "Maria Fofoca" por Salles, decidiu não falar com a imprensa a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Mas amigos de farda ouvidos pela coluna disseram que o ministro negou que tenha a pretensão de pedir para assumir o lugar de Pujol.
"Querem ver o circo pegar fogo", disse um general que despacha no Palácio do Planalto. No quartel-general onde trabalha Pujol, segundo relatos, os militares ficaram "em polvorosa com isso".
Não é a primeira vez que essa possibilidade é aventada e negada por Ramos. Em maio deste ano, o ministro disse que cultuava os valores do Exército de "respeito, hierarquia e disciplina" e que não tinha essa pretensão.
Em junho, o ministro antecipou sua ida para a reserva justamente em um aceno aos colegas fardados, que estavam cada vez mais incomodados com o militar da ativa em uma função política do governo.
Um general próximo a Pujol disse nunca antes um general da reserva assumiu o comando do Exército, mas que "não é impossível".
Mesmo sem um impedimento legal, outro militar rechaçou a ideia e disse que é muito difícil isso acontecer. E exemplifica: "é como alguém que não é senador assumir presidência do Senado".
Outro general que conhece bem a rotina palaciana disse que seria mais fácil trocar o comando do ministério da Defesa do que o comandante do Exército. "O Exército é uma instituição de Estado. Bolsonaro não teria a insensatez de aventar esta possibilidade", avaliou.
O atual comandante da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, apesar de não ser palaciano, é hoje um dos principais auxiliares de Bolsonaro.
Militares incomodados
O recente episódio de o presidente ter desautorizado o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o fato de Bolsonaro não ter feito uma defesa enfática de Ramos na briga com Salles, causou mal-estar entre os militares.
A avaliação feita por alguns integrantes do núcleo militar é de que o presidente deveria ter sido mais cuidadoso e respeitoso com os seus auxiliares.
Ramos está longe de ser unanimidade no governo, mas no episódio recebeu apoio de congressistas e de alguns colegas de Esplanada.
Disputa por espaço
A queda de braço com a ala ideológica, porém, deve continuar. Parlamentares mais radicais deixam cada vez mais evidente que querem ocupar o lugar do ministro palaciano. O cargo, de relação direta com o Congresso, deveria ser ocupado por um político, argumentam. Por enquanto, Bolsonaro garantiu aos militares que não deve mexer no posto de Ramos.
Nos bastidores, porém, já é dado como certo de que o governo deve fazer algumas mudanças na composição dos ministérios do ano que vem. Conforme mostrou o jornal Folha de S. Paulo, a ideia é ampliar o espaço do Centrão.
Nesse xadrez há quem aposte que Salles possa ser deslocado para a pasta do Turismo ou para outra função. No Planalto, fontes próximas a Ramos defendem que Salles deveria mesmo ter sido demitido após o episódio.
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