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Bolsonaro demite ministro em busca de discurso eleitoral
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As reclamações por conta dos seguidos aumentos nos preços de combustíveis já vinham irritando o presidente Jair Bolsonaro (PL) há um bom tempo. Diante das amarras legais e da impossibilidade em adotar medidas que seriam uma clara interferência na estatal, agora, o presidente tenta "jogar para a plateia" com a demissão do almirante Bento Albuquerque do Ministério de Minas e Energia, claramente pensando em seu discurso eleitoral.
Para o lugar do Almirante, Bolsonaro escalou o ex-assessor de Paulo Guedes Adolfo Sachsida, que vinha ganhando a confiança do presidente e terá a difícil missão de encontrar soluções para o problema dos combustíveis.
Guedes é completamente contra a adoção de subsídios para baixar os preços da gasolina, por exemplo. O próprio Sashsida disse recentemente que esse tipo de política pode ter "boa intenção, mas com resultado ruim".
As recentes discussões sobre o tema, que foram comandadas pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, mostraram que pouco pode ser feito para mudar a política de preços, sem que haja consequências econômicas ainda maiores. Desde o ano passado, Ciro tem defendido o uso de subsídios e dividendos da empresa para amenizar os preços, mas não consegue tirar as medidas do papel.
Ontem mesmo, ainda no cargo, Bento Albuquerque confirmou que o presidente queria soluções para atender demandas dos caminhoneiros, mas admitiu que o governo não havia chegado a nenhuma solução, pois as medidas estavam sendo analisadas "no aspecto técnico e jurídico".
Lealdade e pressão
Albuquerque, que estava no cargo desde o início do governo, sempre foi considerado um ministro "leal e técnico". Apesar disso, vinha sofrendo pressão do presidente para que algo fosse feito para baixar os preços.
Na última quinta-feira (5), durante sua live semanal, bastante irritado Bolsonaro pediu ao novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, e a Albuquerque, para que não houvesse novos aumentos nos preços dos combustíveis. E fez um apelo para que a estatal reduzisse seu lucro, que considerou "absurdo" e "um estupro".
Em março, em entrevista à coluna, quando o então presidente general Joaquim Silva e Luna estava em processo de fritura, Bento Albuquerque afirmou que Bolsonaro sabia que "nós não temos instrumentos para interferir na Petrobras".
Na ocasião, Bento - que possui uma relação de amizade com general da Silva e Luna - defendeu a permanência no general no cargo, mas ressaltou que Bolsonaro costumava repetir que só há dois cargos insubstituíveis no governo, o dele e o do vice-presidente, e que o resto da equipe "é substituível". "A saída de qualquer um é uma possibilidade. De qualquer empresa, de qualquer ministério", disse Bento, em março.
Esta foi a terceira demissão no governo após um aumento no preço dos combustíveis. Antes, Bolsonaro havia trocado o comando da Petrobras.
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